segunda-feira, 16 de junho de 2008

João do Rio (pseudônimo de Paulo Barreto)


João do Rio (pseudônimo de Paulo Barreto, 1881-1921), viveu, por vários indícios, na atmosfera crepuscular, mas aquilo que o distingue é a sátira aos ambientes decadentistas, a afirmação de uma autenticidade profunda, nascida em meio ao brilho fútil e ao jogo de palavras. O uso contumaz do paradoxo, arma desferida contra os erros sociais. Aproxima-o inevitavelmente de Oscar Wilde. O dramaturgo, arguto cronista, não perde oportunidade de emitir um pensamento ou uma frase de efeito.
João do Rio enuncia algumas de suas convicções estéticas: “É impossível fazer uma obra de arte com outro sentimento que não seja o da beleza ou o da vida. Em todas as manifestações da arte. A obra é que, depois da realidade (se exprime com a realidade maior que a realidade em certo estado d’alma universal), passa a ser símbolo.
Estribado nesses princípios, Jaó do Rio fez uma literatura dramática sem mistérios, cujo teor intimista transparece das sensibilidades retratadas. A sugestão completa o esboço, que foi traçado em cena. As peças inscrevem-se, assim, no território poético.
Clotilde foi o primitivo título da primeira peça dramática escrita por João do Rio, e estreada com o título definitivo Última Noite, em 1907, juntamente com O Dote, de Artur de Azevedo. (o episódio passa-se na roça), o marido desconfia do adultério de Clotilde, e resolve ficar de tocaia, para matar o sedutor em sua escalada noturna, impossibilitada de avisar o amante. Clotilde aceita a declaração de amor de outro homem (que ela odiava), e o leva a percorrer o itinerário fatal. Independente de considerações éticas, Clotilde salva o amante. Tenta João do Rio um passo mais ambicioso em A Bela Madame Vargas. Toca o autor pela graça de sua criatura, uma ferida brasileira: “O mar é um laboratório da imaginação e é por isso que eu explico a superprodução de poetas nacionais pela extensão das costas...”. a viúva Madame Vargas, que sempre brilhou pela beleza, está às voltas com Carlos, um rapaz que assume aos poucos o papel de vilão José, que há muito lhe propunha casamento, não só cresce em simpatia, mas pode também resolver o problema financeiro em que ela se debate. Carlos quer envolvê-la, ameaça escândalo e só não consuma a vilania porque Belfort, providencial anjo da Guarda, lembra-lhe a existência de um documento comprometedor. O desfecho poderá ser feliz; não fosse a natureza operística de Carlos, o debate de Madame Vargas entre um amor que finda e outro que desponta teria validado a peça.Que Pena ser só Ladrão – Encontro – Um Chá das Cinco – Eva.

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