segunda-feira, 16 de junho de 2008

Joaquim Manoel de Macedo


A cronologia das estréias de Joaquim Manoel de Macedo fornece dados sugestivos para que se estabeleça o itinerário de sua obra teatral.
O drama O Cego foi encenado em 1849. Escrita uma década depois que Gonçalves de Magalhães e Martins Pena se iniciaram no palco, recebeu uma acolhida fria de público. A tentativa ambiciosa, vazada em decassílabos e um desejo de igualar os modelos do gênero.
A ópera O Fantasma Branco, uma farsa, na verdade, cujas raízes remontam à comédia nova grega, teve melhor destino, e se, popularizou a figura de Tibério, tipo de soldado fanfarrão no gosto ancestral transmitido por Plauto.
A Nova “opera”, O Primo da Califórnia, imitada do francês, teve significação histórica mais ampla: nacionalizava-se completamente um espetáculo parisiense do tempo. Não era só o texto, que a própria edição consigna como preso ao modelo europeu. A atriz Maria Velluti desligara-se da Cia João Caetano e, sob os auspícios do empresário Joaquim Heliodoro, e tendo como ensaiador o francês Emílio Doux, abriu com a peça, em 12 de abril de 1855, o Ginásio Dramático, reduto de todo o movimento reformista posterior. Ao dramalhão histórico e à tragédia clássica, encarnados por João Caetano, substituía-se o repertório com personagens modernas, ao gosto do dia. Daí a denominação “dramas de casaca”, em que o vestuário elegante do momento vinha ditar um novo estilo. Macedo já era, aí, um nome ligado à transformação do palco brasileiro.
Sucederam-se três experiências dramáticas, em que o autor insistiu, sem êxito, no gênero “sério”: Cobé, drama indianista, levado à cena em 1859; Amor e Pátria, alegoria patriótica de circunstância, representada na comemoração da Independência, em 1859; e O Sacrifício de Isaac. Episódio bíblico que não chegou ao palco.
Macedo andava à procura de temas em que fixar-se, não encontrando no teatro o mesmo favor popular que acolhera o seu romance de estréia. – A Moreninha – escrito em plena mocidade. O protótipo do amor romântico.
Luxo e Vaidade, em 1860, e Lisbela, em 1862. o severo crítico Machado de Assis, ao examinar com agudeza a obra de Macedo, verberou a concessão, apontando a fragilidade dos recursos melodramáticos, aos quais passaram a corresponder, em definitivo, nas comédias daqueles anos – O Novo Otelo (1860) e A Torre em Concurso (1861), - os processos burlescos, distantes de uma ambição artística mais elevada.
As peças posteriores, entre as quais O Macaco da Vizinha – A Moreninha, adaptada do famoso romance, não contribuíram para definir a fisionomia do dramaturgo, e por isso se generalizou a opinião, já encontrada em Machado de Assis, segundo a qual Macedo não professou nenhuma escola, explicando-se como falta de personalidade o seu ecletismo literário. A imagem final do homem de teatro é mesmo a de que escrevia ao sabor das sugestões imediatas, espicaçadas por outros êxitos. Temas e situações voltam frequentemente em sua obra.

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