domingo, 13 de setembro de 2009

CRÍTICA DO ESPETÁCULO: Vocês que habitam o tempo




De: Valére Norarina
Dir.: Claud Buchvald
Com: Adessa Martins, Aldebaran Oliveira, Aline França, Andrey Mendes, Colombine Meyer, Dendu Jadel, Flávio Amado, Jordana Shelly, Lorena Serafim, Maria Frignoni, Patrícia Teles e Rosa Zélia.

z Uma peça de teatro montada com estudantes/atores do Brasil e da França, das Universidades Paris 8, Unirio e UFRJ. O espetáculo fez parte do projeto “Novariná em cena”, coordenado pela dramaturga Ângela Leite Lopes, que é a tradutora para o português da obra deste autor e artista plástico francês, nascido em 1947, e que, atualmente é um dos autores mais encenados na França.
A produção textual de Valère Norarina não se insere na dramaturgia tradicional e propõe outras possibilidades de sentidos cênicos a serem explicados. Para Novarina o próprio pensamento é teatro, toda palavra para ele é jogo, formando a “Arquitetura da catedral do corpo”, que é como se refere a sua própria obra. De fato a sua escrita está na linguagem, mas na linguagem como matéria, como carne.
No entanto, apesar de uma dramaturgia extremamente filosófica e de uma relação com a cena altamente “literária”, é difícil se empolgar e, por vezes, suportar as quase duas horas de uma avalanche de frases, algumas interessantes, que nos fazem as mais diversas provocações, outras aparentemente banais e desnecessárias.
Tal e qual um observador de uma pintura abstrata, diante da qual se fica o tempo que se quiser, talvez, do ponto de vista puramente estrutural, o encontro com a obra de Novarina no palco poderia ser também livre para a platéia. Coisa que não acontece em função de, entre outras coisas, a disposição do teatro (espaço físico) constranger o espectador de sair, e como estamos acostumados a um clímax já perto do final, fica-se sempre com a expectativa de que algo venha a acontecer no fim, o que também se frustra como expectativa.
É um teatro para iniciados em teatro, em filosofia e em Novarina. Definitivamente um espetáculo para iniciados é este: “Vocês que habitam o tempo”. É isso!

Edvard Vasconcellos

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