domingo, 13 de setembro de 2009

CRÍTICA DO ESPETÁCULO: Hoje é dia de pecar


De: Mário Lago e José Wanderley
Dir: Deivid Bertollo
Com: Cintia Travassos, Cleidson Gonçalves, Deivid Bertollo, Rogéria Capetine, Victor Carvalho, Kamilla Anhê, e Carina Anhê.

Uma comédia de humor ingênuo, com jovens atores, curiosamente encantados com a obra de Mario Lago e de José Wanderley – curiosamente, por se tratar de obra ingênua; obra que, vista nos tempos atuais, soa tão antiga.
O espetáculo, no entanto vale como singela homenagem a este grande ator, compositor e poeta brasileiro. Símbolo de um Rio de Janeiro que não existe mais e, autor de uma “pérola” da música popular brasileira “Amélia”, aquela que era mulher de verdade...
A peça propriamente dita, em cartaz no teatro Ipanema (que, há muito já deveria ter se tornado teatro Rubens Correia, tal sua dedicação àquele espaço construído por ele mesmo em terreno onde era a casa de sua família) começa, ainda no 2º sinal com a atriz Cíntia Travassos, tirando algumas risadas do público ao adentrar a platéia fazendo a faxina e espanando as cabeças do público. Uma boa ideia da direção que não é aproveitada outras vezes, sobretudo nas inexplicavelmente longas transições de atos.
Quando toca o terceiro sinal, a faxineira retorna cantando “Amélia”, um pouco ofegante, diga-se de passagem. Ao subir no palco faz um interessante prólogo em que nos apresenta os autores da peça. O bom desse artifício é que provavelmente uma platéia jovem desconhece tanto Lago, quanto Wanderley. Finalmente a cortina se abre com a promessa de um “Vauderville” típico, talvez com contornos de opereta, o que não acontece. Ao entrar cantando para abrir o pano, a atriz estabelece um código com o público, assim como o faz ao divertir a platéia com uma cena que não tem propriamente nenhuma relação com o enredo do espetáculo que se segue.
Os atores Deivid Bertollo e Victor Carvalho, apesar do esforço, parecem jovens demais para os papéis que desempenham. O primeiro ao assumir também a função de diretor, sem que ninguém faça sua assistência paga o preço das múltiplas funções e, se o seu trabalho como ator não chega a comprometer é como diretor que comete suas maiores falhas. Sua direção permite que os atores exagerem tanto em seus trejeitos e gags em busca de humor fácil e imediato, que soam por demais excessivos. Victor Carvalho só não precisava imitar um português, já que ele seria o contraponto de humor da estratégia criada pela mulher, a atriz Rogéria Capetine (que aproveita pouco o potencial humorístico da personagem), a fim de pegá-lo em flagrante adultério.
As mudanças entre os atos são demoradas e poderiam perfeitamente incluir outras divertidas cenas com a faxineira ou motorista ou mesmo outros atores/personagens que tenham semelhante habilidade para esse contato tão direto com a plateia.
Cenários, figurinos e luz não comprometem, mas talvez ao invés de três, talvez se pudesse usar quatro portas e equilibrar a cena nos dois lados. Outro elemento cenográfico não utilizado e que potencial enorme nesse tipo de comédia eram os biombos, que se tornaram mera decoração.
Vale a homenagem e o empenho do jovem grupo. É isso!
Edvard Vasconcellos

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