domingo, 13 de setembro de 2009

CRÍTICA DO ESPETÁCULO: Festa de família


Dir: Bruce Gomlevski

O filme “Festa de família”, foi talvez, o mais reconhecido filme de um movimento cinematográfico conhecido como Dogma 95. Depois do filme, veio a peça, seguindo uma herança genética escandinava de dramas pessoais, familiares com uma contundência e uma violência verbal de deixar de queixo caído qualquer um pouco mais puritano.
Ibsen, Strindberg, Bergman, são a árvore genealógica de um texto em que o clímax está no começo da peça quando o protagonista, na versão brasileira interpretado pelo diretor/ator Bruce Gomlevski, faz uma confissão que, aparentemente levaria a família a sua mais completa destruição. O que acontece a partir daí é que se mostra extremamente instigante: descobrir como aquela família administra aquele trauma e o absorve em nome das convenções familiares mais banais.
É claro que a partir dessa confissão os valores morais de toda civilização vão sendo colocados à prova e a “festa de família” não tem lá seu final feliz. É um ensaio sobre os limites do homem, sobre a capacidade de agüentar a baixeza da vida e de saber que nunca haverá um momento propício, ou adequado para se falar de determinadas coisas.
É uma peça seca, com atores maduros, com algum destaque para Otto Jr, Peter Boos (cantando e mantendo-se fiel ao espírito de festa para o qual foi convidado, tentando salvar a todo custo o que não tem redenção possível) e o próprio Bruce; a direção é firme e ousada, propondo, certamente em parceria com o cenógrafo, uma interessantíssima disposição espacial, com o público sentado ao lado dos atores na mesa de jantar onde acontece a festa. Figurinos e luz são corretos. É isso!

Edvard Vasconcellos

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