domingo, 20 de março de 2011

Sobre a nova dramaturgia

Sobre a nova dramaturgia podemos dizer que desde o final do século XX que um certo movimento desconcentrado vem tentando conseguir espaço nos teatros da cidade. A partir de uma iniciativa guerrilheira e apaixonada pelo teatro de um Roberto Alvim (atualmente residente em São Paulo) que ocupou um depósito no terceiro andar do Teatro Carlos Gomes e, na esteira de sucessos como a Ópera do Malandro, e outros tantos musicais que por ali passaram, criou e manteve, junto com a atriz Luciana Borghi, bravamente um embrião de um movimento de “nova dramaturgia carioca” numa salinha que batizou de Sala Paraíso, mas que depois de um tempo curto fechou (ah, as políticas públicas equivocadas!) e agora, em 2010, reabriu, mas não se sabe ao certo com que tipo de projeto, se é que há algum projeto para utilização da Sala. Parece que só agora esse movimento bastante informal, diga-se de passagem, conseguiu se tornar uma bem sucedida realidade na cena carioca. São dezenas de peças em cartaz escritas por autores novos, jovens ou não tão jovens, mas com muita vontade de se expressar e finalmente com algum espaço para tal.

Chama atenção que, numa rápida olhada nos cadernos de cultura da cidade, vejamos uma interessante diversidade desses novos autores, não necessariamente jovens, mas autores vivos, brasileiros, desregionalizados, sem estereótipos dramatúrgicos, falando de nós como nós somos, se é que isso é possível. Há uma profusão de autores na moda. Já não é de hoje, há sempre um Flávio Marinho, uma Lídia Manzo e uma Martha Medeiros (apesar dela não ser propriamente uma autora de teatro) em cartaz. Agora há mais, há O Matador de Santas e uma Savana Glacial de um inspiradíssimo Jô Bilac, vira e mexe ressurge com algo instigante um Walter Daguerre, com seus Rompecabezas, Decalages etc, uma Daniela Pereira de Carvalho, um Rodrigo Nogueira, um Ivan Fernandes com uma deliciosa comédia Trem Fantasma, um César Amorim, Diego Molina, Camillo Pellegrini, Larissa Câmara, Renata Mizhari, a turma do www.dramadiario.com, uma sensível Márcia Zanelatto, vencedora da última edição do Brasil em cena, provavelmente o maior festival de dramaturgia do Brasil, com a poética Tempo de solidão, o genial Newton Moreno, de as Centenárias, que assina O Livro, com Eduardo Moscovis. E ainda surgem os “novíssimos”, como: Biá Napolitani e seu Bola Preta, Helena Machado com Aos Peixes, Priscila Gontijo, com Os Visitantes.

O teatro se alimenta dessa energia latente e eternamente jovem dos atores e dos novos dramaturgos. Quando há algo novo no ar, há uma página da história sendo escrita. Sucesso sempre! (M E R D A !)

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