segunda-feira, 21 de março de 2011

Os Visitantes, Priscila Gontijo


Os Visitantes trata da impossibilidade das tardes de domingo à dois. Um texto difícil na estrutura, que se propõe a explorar a vida de um casal, que se descobre mais tarde, não teve coragem de se arriscar aos domingos chuvosos de visitas permanentes que não permitem que estejam eles a sós nunca, e que só alimentam o tédio de sua relação. A companhia do outro já não é possível, pois eles não têm o que dizer a si próprios.
Assistindo ao espetáculo, há algo de estranho na estrutura dramática. Direção e autora parecem estar seguindo direções opostas, ou pelo menos não muito paralelas. Quando parecemos estar diante de um drama realista, duro, seco, opaco, somos levados a acreditar que estamos diante de uma peça típica de uma “escola” teatral conhecida como teatro do absurdo em que uma verborragia quase ininterrupta nos impede de raciocinar e prestar atenção nos detalhes da vida daquele casal, onde o que sobram são apenas palavras, palavras e mais palavras com os outros, nunca olho no olho, entre eles. É um espetáculo estranho, diferente, curioso, corajoso, em que ambos os atores demonstram muita segurança no palco e são plenamente capazes de preencher os vazios provocados por essa “gangorra estética” gerada entre texto e direção.

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