quinta-feira, 22 de maio de 2008

Machado de Assis



Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1839. Foi, segundo Harold Bloom, o maior escritor negro de todos os tempos, considerado o mais importante nome da nossa literatura. De sua vasta obra, que inclui poesias, peças de teatro, crítica literária e romances de caráter romântico e realista (no qual compôs suas obras-primas), destaca-se também no conto, no qual é comparado ao russo Anton Tchecov, como um dos maiores do gênero. É considerado um dos criadores da crônica brasileira, além de ter sido importante tradutor. Traduziu Os trabalhadores do Mar, de Vitor Hugo, o poema O corvo, de Edgar Allan Poe, entre outros. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira número 1.
Era filho do mulato Francisco José de Assis, pintor de paredes e descendente de escravos alforriados, e de Maria Leopoldina Machado, portuguesa da Ilha de São Miguel. Machado de Assis passou a infância na chácara de D. Maria José Barroso Pereira, viúva do senador Bento Barroso Pereira, na Ladeira do Livramento, onde sua família morava como agregada, no Rio de Janeiro.
De saúde frágil, epilético, gago, sabe-se pouco de sua infância e início da juventude. Ficou órfão de mãe muito cedo e também perdeu a irmã mais nova. Não freqüentou escola regular, mas, em 1851, com a morte do pai, sua madrasta Maria Inês emprega-se como doceira num colégio em São Cristóvão, onde Machadinho, como era chamado, torna-se vendedor de doces. No colégio tem contato com professores e alunos e, é provável que tenha assistido às aulas quando não estava trabalhando. Empenhou-se em aprender e se tornou um dos maiores intelectuais do país ainda muito jovem. Em São Cristóvão, conheceu a francesa Madame Gallot, proprietária de uma padaria, onde teve suas primeiras lições de francês, que Machado acabou por falar fluentemente. Também aprendeu inglês, chegando a traduzir poemas deste idioma.
De origem humilde, Machado de Assis iniciou sua carreira trabalhando como aprendiz de tipógrafo na Imprensa Oficial, cujo diretor era o romancista Manuel Antônio de Almeida. Em 1855, aos quinze anos, publicou o poema "Ela" na revista Marmota Fluminense. Continuou colaborando intensamente nos jornais como cronista, contista, poeta e crítico literário, tornando-se respeitado intelectual antes mesmo de se firmar como romancista. Machado conquistou a admiração e a amizade do romancista José de Alencar, maior nome da literatura brasileira na época.
Em 1864 estréia com o livro de poesias Crisálidas. Em 1869, casa-se com a portuguesa Carolina Augusta Xavier de Novais, irmã do poeta Faustino Xavier de Novais e quatro anos mais velha do que ele. Em 1873, ingressa no Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, como primeiro-oficial. Posteriormente, ascenderia na carreira de servidor público, aposentando-se no cargo de diretor do Ministério da Viação e Obras Públicas. Podendo dedicar-se com mais comodidade à carreira literária, escreveu uma série de livros identificados com o período romântico da literatura. É a chamada primeira fase de sua carreira, marcada pelas obras: Ressurreição, de 1872, A Mão e a Luva, 1874, Helena, 1876 e Iaiá Garcia, de 1878, além das coletâneas de contos Contos Fluminenses, de 1870, Hisórias da Maeia-noite, de 1873, das coletâneas de poesias Crisálidas, de 1864, Falenas, de 1870, Americanas, de 75 e das peças Os Deuses de Casaca, de 1866, O Protocolo, 1863, Queda que as Mulheres têm para os Tolos e Quase Ministro, ambas de 1864.
Em publica Memórias póstumas de Brás Cubas, que marca o início do realismo brasileiro. O livro, extremamente ousado, é escrito por um defunto e começa com uma dedicatória inusitada: "Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas Memórias Póstumas". Tanto Memórias Póstumas, como as demais obras de sua segunda fase vão muito além dos limites do realismo, apesar de serem normalmente classificados nessa escola.
A segunda fase machadiana, de caráter realista, tinha como características, a introspecção, o humor e o pessimismo com relação à essência do homem e seu relacionamento com o mundo. Nessa fase, escreveu os seguintes romances: Memórias Póstumas de Brás Cubas, de 1881, Quincas Borba, de 1892, Dom Casmurro, de 1900, Esaú e Jacó, de 1904, Memorial de Aires, de 1908. Além das coletâneas de contos Papéis Avulsos, de 1882, Várias Histórias, de 1896, Páginas Recolhidas, de 1906, Relíquias da Casa Velha, de 1906 e de uma coletânea de poesias.
Em 1904, morre sua esposa, Carolina Xavier de Novaes e Machado escreve um de seus melhores poemas, Carolina. Muito doente, solitário e triste depois da morte da esposa, Machado de Assis morreu em 29 de setembro de 1908, em sua velha casa no bairro carioca do Cosme Velho.
Nem nos últimos dias, aceitou a presença de um padre que lhe tomasse a confissão.
É considerado por muitos o maior escritor brasileiro de todos os tempos e um dos maiores escritores do mundo, enquanto romancista e contista. O crítico norte-americano Harold Bloom o considera um dos 100 maiores gênios da literatura de todos os tempos (chegando a considerá-lo o melhor escritor negro da literatura ocidental), ao lado de clássicos como Dante, Shakespeare e Cervantes.
Seu estilo literário tem inspirado muitos escritores brasileiros ao longo do tempo e sua obra tem sido adaptada para a televisão, o teatro e o cinema. Em suas obras interpela o leitor, tendo sido influenciado por Manuel Antonio de Almeida, que já havia utilizado a técnica, bem como por Cervantes, e outros.
Escreveu para teatro, basicamente, na juventude, são obras para o teatro, de Machado de Assis:
Hoje avental, amanhã luva, de 1860; Queda que as mulheres têm para os tolos e Desencantos, de 1861; O caminho da porta e O protocolo, de 1863; Quase ministro, de 64; e Os deuses de casaca, de 66. Mais tarde voltou ao teatro de onde saiu: Tu, só tu, puro amor, de 1880; Não consultes médico, de 1896 e finalmente, Lição de botânica, de 1906.

Nenhum comentário:

Postar um comentário