tag:blogger.com,1999:blog-85450911671545498132024-03-14T00:14:56.396-07:00Estudos de teatro brasileiroEnsaios e críticas teatrais para o CANAL111 Webtv.Edvard Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/10294605771948666292noreply@blogger.comBlogger44125tag:blogger.com,1999:blog-8545091167154549813.post-43387030464470612182013-04-28T13:38:00.000-07:002013-04-28T13:39:23.507-07:00BETTE DAVIS E A MÁQUINA DE COCA COLA, 10/12/2012
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinP3UE6KO_zRLMgGXU6gnJ1NAnF92zatrgZVwoSU5T5V5_v8WwbKYNWUIB29woUTf_kk6F68fmnG9wGDimf4tNokqVerGs-v1wJSwbgm5k_KolY6b2nZ8pE2RnrxnJ1e1bNK9pJcJCvEP0/s1600/bette+davis.png" imageanchor="1" ><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinP3UE6KO_zRLMgGXU6gnJ1NAnF92zatrgZVwoSU5T5V5_v8WwbKYNWUIB29woUTf_kk6F68fmnG9wGDimf4tNokqVerGs-v1wJSwbgm5k_KolY6b2nZ8pE2RnrxnJ1e1bNK9pJcJCvEP0/s320/bette+davis.png" /></a>
Muito interessante a peça. O texto de Jo Bilac e Renata Mizhary, é um baita pretexto para os atores, entre eles, meu querido Cesar Amorim, brilharem. A direção do Diego Molina, também preenche superbem, as vezes, com humor negro, as vezes com um humor débil (a cena do coelho é maravilhosa, assim como a cena final do tearo contemporâneo e o monólogo interminável da atriz (excelente, aliás e muito, mas muito parecida no jeito e no humor, com a Camila Nhary), com uma variedade grande de estilos. Lembra o humor do "Quantos atores cabem num fusca?" que nós fizemos entre 2004 e 2006. O Diego Molina tem com o Cesar Amorim, uma relação diretor/ator rara e importante de se preservar.Edvard Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/10294605771948666292noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8545091167154549813.post-8761984069011382812013-04-28T10:27:00.000-07:002013-04-28T10:27:34.715-07:00Figuras Amarelas, 30/10/2012<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhu-Y7rtrGjTdekmPmZ-oYJnVih8Q6HG5RK_Oj9zDr_4NrLF271Ww63wYzu-o2xDkDFeyhVHDcfXftALEMfRVXU5u7eWouZOOqUW6BhCx7_0VFa1ViMuQxjG8oeGcTIu1A926Fq9CV7OQpQ/s1600/figuras+amarelas.jpg" imageanchor="1" ><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhu-Y7rtrGjTdekmPmZ-oYJnVih8Q6HG5RK_Oj9zDr_4NrLF271Ww63wYzu-o2xDkDFeyhVHDcfXftALEMfRVXU5u7eWouZOOqUW6BhCx7_0VFa1ViMuQxjG8oeGcTIu1A926Fq9CV7OQpQ/s320/figuras+amarelas.jpg" /></a>
Domingo, finalmente entendemos o que é um espetáculo para aquela faixa etária de 0 a 3 anos. FIGURAS AMARELAS, além de ser um lindíssimo espetáculo de dança contemporânea, baseado na obra dos Gêmeos (artistas plásticos/grafiteiros paulistanos e cosmopolitas), é de uma força impactante para com esses pequenos pimpolhos a quem chamamos bebês. Os meus gêmeos "enlouqueceram" e, durante quase toda a apresentação eles dançaram junto, rolaram no chão, quicaram na cadeira e no final aplaudiram muito e quiseram muito subir no palco. Não sei o que entenderam ou apreenderam daquela experiência, mas sei que temos ido muito ao teatro e apesar deles adorarem, em nenhuma das vezes que fomos eles interagiram tanto.
Edvard Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/10294605771948666292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8545091167154549813.post-88594283107949503282013-04-28T10:23:00.000-07:002013-04-28T10:23:41.916-07:00O banqueiro anarquista, 23/03/2013
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdKlnC128INwCXYMJwe3DBj8QT-b8h7Er6yX0pXpWRl-mDBbf9gSNmACmAPrDJ8CjTlK7Y0fW_W2J661vOzIWF_gIIGmtN-dnYL0WAvWi7UHi-z5qVaB4kxij_LBF8uScSemMPSCFu0JRV/s1600/banqueiro+anarquista.jpg" imageanchor="1" ><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdKlnC128INwCXYMJwe3DBj8QT-b8h7Er6yX0pXpWRl-mDBbf9gSNmACmAPrDJ8CjTlK7Y0fW_W2J661vOzIWF_gIIGmtN-dnYL0WAvWi7UHi-z5qVaB4kxij_LBF8uScSemMPSCFu0JRV/s320/banqueiro+anarquista.jpg" /></a>
- Meu amigo, eu já lho disse, já lho provei, e agora repito-lho... A diferença é só esta:
eles são anarquistas só teóricos, eu sou teórico e prático; eles são anarquistas
místicos, e eu científico; eles são anarquistas que se agacham, eu sou um anarquista
que combate e liberta... Em uma palavra: eles são pseudo-anarquistas, e eu sou
anarquista.
E levantamos-nos da mesa.
O "Banqueiro anarquista", em cartaz no Teatro Serrador é um conto, com ares de filosofia com estrutura estática platônica, escrita pelo gênio da literatura portuguesa Fernando Pessoa, transposto para o teatro com grande habilidade pelo Fernando Lopes Lima, o Fernandão. Uma grande ironia do Pessoa, que cria um diálogo situado em um ambiente desembaraçado num destes clubes tradicionais, costumeiramente alheios aos debates intelectuais ou políticos. Depois de um jantar, um banqueiro rico emaranha, com o seu raciocínio complexo e paradoxal, um ingênuo e servil interlocutor. A partir daí, o que se vê é uma lição iconoclasta e de extrema ironia sobre o que este banqueiro julga ser o verdadeiro anarquismo, do qual se declara inventor e partidário fervoroso. A peça é ótima, José Karine, tem um domínio meticuloso das palavras, controlando a ironia, o humor, conduzindo o público com maestria. Peter Boos e Raphael Manheimer, o seguem de perto com registros bem diferentes. O cenário, a luz, a trilha e a duração seguem o tom equilibrado que a direção imprimiu. O Banqueiro Anarquista é um tratado didático sobre filosofia política, disfarçado de teatro, habilmente dirigido. Merecemos vê-la em cartaz por mais tempo.
Edvard Vasconcellos
Edvard Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/10294605771948666292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8545091167154549813.post-44832875016743139122013-04-26T20:03:00.001-07:002013-04-26T20:26:34.457-07:00Morada dos ossos, 23/04/2013<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRJNFk89Dkp3pqWO6-n4MkrpEPM7debXBuqlKP6NKDHHGA_N1f7TfoaYrrgFVv6OIpckDJvpJiVTXdfFWMxLrZqBz4fEh9V7VtATsKW8JBHz1m0lU71zRg23Jw8YPQ10KSlHws9M1fhvtz/s1600/morada+dos+ossos.png" imageanchor="1" ><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRJNFk89Dkp3pqWO6-n4MkrpEPM7debXBuqlKP6NKDHHGA_N1f7TfoaYrrgFVv6OIpckDJvpJiVTXdfFWMxLrZqBz4fEh9V7VtATsKW8JBHz1m0lU71zRg23Jw8YPQ10KSlHws9M1fhvtz/s320/morada+dos+ossos.png" /></a>
"Lá fora o Sol ainda brilha sobre Lisboa", seria um belo título, que talvez aproximasse mais o público da triste e emocionada peça MORADA DOS OSSOS, em cartaz no Solar de Botafogo, aos sábados e domingos, as 18h. Uma história densa e bem escrita, talvez, curta demais, mas bem executada, bem cantada, poética, bela maquiagem, bela luz, com figurino estranho, com interessantes elementos de cena. O cachorro é uma obra de arte, investir nisso aliás, seria uma aposta cenográfica bem mais instigante e ousada. É uma cena árida, triste e melancólica, como um fado, sem muitos coloridos, mas muito dolorida, angustiada. Com pouco humor, mas é difícil tirar humor de algo tão devastador quanto a solidão. A peça parece que fala de uma pessoa, mas num belo "golpe teatral", nos fala de outra. Um narrador que é a vida, um cachorro multiplicado e todo o resto que remete a morte. Ainda assim, é bonito de se ver, de se ouvir. E nessa luta inglória, passiva e de final inexorável a morte vence a vida na história que nos é contada, mas a vida vence a morte na história que é vivida, e é simples: a vida não sucumbe à morte, porque há esperança. A peça dói sim, como um fado, como uma facada na barriga, como a morte de alguém, mas no fim, como uma brisa leve, passa a esperança e alimenta o Sol que ainda brilha sobre o céu de Lisboa. A solidão não é só um estado de espírito, é o destino daqueles que teimam em deixar para morrer por último. Mas se engana quem supõe que deixar a vida antes dos outros é solução para alguma coisa, pelo menos é o que eu suspeito. Bela peça, difícil também, em todos os sentidos.Edvard Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/10294605771948666292noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8545091167154549813.post-18779196528380488882011-06-30T14:21:00.000-07:002011-06-30T14:22:43.008-07:00OUTSIDE, 26 de junho de 2011OUTSIDE, 26 de Junho de 2011<br />“Quando eu gosto de uma peça de teatro, eu dou parabéns. Quando eu não gosto de uma peça de teatro, eu dou parabéns”. Outside é uma experiência diferente. Homem-arte, Homem-bomba. Apesar das três horas de espetáculo, apesar de o público “boiar” em muitas referências a Pop art, Body art, Theodore Adorno, Peggy Guggenheim e ao universo do próprio David Bowie, elemento que costura toda a obra, há algo de crucial nesse delírio teatral que é fazer pensar quais são os limites de tudo isso? Há limites para Arte? O que é propriamente Arte?<br />Questão que parece pretensiosa, e é mesmo, sobretudo quando exposta num palco, encenado como uma peça qualquer. Não, não é uma peça qualquer. Pretensiosa e arrogante, mas por que não? Qual o problema em ser pretensioso? Arrogante ou não, pouco importa, o fato é que hoje, no afã de “acertar”, de não “fazer feio”, por medo de errar (como se fosse possível não errar), ou pelo pragmático e compreensível medo do prejuízo financeiro, pouco se vê no teatro ousadia, pouco se vê no teatro pessoas dispostas a assumir riscos reais, e o espetáculo em cartaz no teatro do Jardim Botânico faz isso. Até exagera. Mas como controlar o impulso criativo? E, será que preciso fazê-lo? Afinal, qual o limite da arte? Qual o limite do corpo? O que é verdade? O que é mentira? Mutilação, morte, suicídio são de alguma maneira, Arte? O que são crimes de arte? “I don’t Know, I’m Sorry”.<br />Há algo de muito intrigante na peça, mas há também uma supervalorização das referências do público, que, de certa forma pode “amarrar” a peça em viagens “googlelíticas” pós-peça, pós-baixo-gávea em seus lap tops 3G. Pra que teatro? Por que teatro? E, nesse sentido a peça parece uma obra de transição, e o é, de fato.<br />Na necessidade de se reinventar, o teatro vem tentando, na maioria das vezes de forma insatisfatória, incorporar as novas mídias, mesmo que não sejam tão novas assim. O teatro brasileiro, ao menos, tem utilizado em larga escala, microfones, computadores, música eletrônica, vídeos, telões etc para tentar dar formas teatrais a essa parafernália tecnológica em que se transformou a contemporaneidade. Vem tentando também, isso há mais tempo, faça-se justiça, dialogar com o cinema e com a performance (esta, uma arte prima-irmã do teatro, nascida no século vinte), com as artes plásticas, sobretudo depois do advento da “instalação”, trilhando caminhos confusos, indecisos, por vezes brilhantes. Não que a peça seja brilhante, não é, mas é interessantíssimo ver o diálogo, numa arena teatral, dessa imensa quantidade de elementos estranhos a um teatro mais, digamos, tradicional. É um grande e fantástico laboratório de experiências artísticas, como a personagem que usa o próprio corpo como suporte para sua arte o teatro tenta transcender o próprio espaço teatral para reinventar.<br />Curioso também ler nas entrelinhas a crítica a idéia de que hoje há conceito para tudo, e há mesmo. Marylin, Norma Jean, pode não ser uma mulher, basta que ela seja um conceito. Tudo é indústria, tudo é absorvido pela indústria cultural, mas tudo tem que ser bem e claramente conceituado para cenário, figurino, luz, movimentos dos corpos dos atores em cena (sempre me pergunto se há atores fora de cena?). Quem já teve ou tem que lidar com projetos de arte, geralmente para conseguir subsídios sabe do que estou falando. Mas em cena ainda somos os mesmos, atores, e atores fazem a diferença. Mas são tantas parafernálias conjugadas com o trabalho do ator que hoje há direção de arte, direção de movimento, direção musical, direção geral, eventualmente pode haver mais diretores do que atores numa peça de teatro. Não há mais autor e sim dramaturgista, ou dramaturgs para quem o mundo não cabe mais na pena de uma só pessoa, para quem já não bastam intérpretes e sim, parceiros, e sim diálogos que se reconstroem sucessivamente até se chegar a um texto, que ainda é e continuará sendo creio uma leitura específica de mundo, só que agora de um mundo não mais pessoal particular, mas coletivo, um coletivo de particularidades. Ao mesmo tempo há um desprezo absoluto pela economia de gestos, pelas histórias simples, pelo aristotélico e aparentemente “ultrapassado” começo, meio e fim; o Caos se tornou o nosso Zeus contemporâneo, tudo é Caos, tudo é Quântico, tudo é Relativo. É o fim dos tempos para aquela regrinha do Hitchock que dizia que caso aparecesse uma espingarda no alto de uma lareira, ela necessariamente teria que ser usada. Mas faz sentido, pois são tantas informações, pequenas ou grandes, relevantes ou não, são tantos “infocaminhos” a percorrer nessa Matrix que o espetáculo já não se encerra em si mesmo, não acaba ao cair o pano (expressão antiga e cada vez mais em desuso, visto que poucos teatros preservam as cortinas em sua boca de cena), ao contrário, o espetáculo continua nessa circunavegação “googlemaníaca” que fazemos todos os dias por prazer, por vício ou por dever de ofício.<br />Outside faz tudo isso, ou tenta. Às vezes de forma bem-sucedida, às vezes não, mas tenta e isso é o que importa. Como descobrir algo novo, sem o risco? Como descobrir o fogo, sem se sujeitar a algumas queimaduras? Difícil? Difícil. Complicado? Complicado. Espetáculo longo, nada delicado, que não se completa no palco, mas que te move para a internet, que te move para entender avidamente tudo o que ficou no vácuo do conhecimento.<br />Pode ser arrogante, que a gente corre atrás e empata, ou supera. Que delícia de jogo esse do Teatro. Que delícia de jogo esse da Vida! Outside, i´m inside. (i try, i try...)Edvard Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/10294605771948666292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8545091167154549813.post-54951260004084423262011-03-21T12:18:00.000-07:002011-03-21T12:20:20.392-07:00Os Visitantes, Priscila Gontijo<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigZ0jn8XrFWkt6JPCKI1CR67zmwS2EFq1fRiQYaZFJNdXxWbFWSVermmD_rgj3L0TiZFbJffBrZW-Q0UwfE6t0GHDzFSVqrZIrW_RtOKpciHpJkXv6xoj3SNeBUCTs6RBBzaqkI2udVsIO/s1600/Visitantes.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 200px; height: 136px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigZ0jn8XrFWkt6JPCKI1CR67zmwS2EFq1fRiQYaZFJNdXxWbFWSVermmD_rgj3L0TiZFbJffBrZW-Q0UwfE6t0GHDzFSVqrZIrW_RtOKpciHpJkXv6xoj3SNeBUCTs6RBBzaqkI2udVsIO/s200/Visitantes.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5586615208089926018" /></a><br />Os Visitantes trata da impossibilidade das tardes de domingo à dois. Um texto difícil na estrutura, que se propõe a explorar a vida de um casal, que se descobre mais tarde, não teve coragem de se arriscar aos domingos chuvosos de visitas permanentes que não permitem que estejam eles a sós nunca, e que só alimentam o tédio de sua relação. A companhia do outro já não é possível, pois eles não têm o que dizer a si próprios.<br />Assistindo ao espetáculo, há algo de estranho na estrutura dramática. Direção e autora parecem estar seguindo direções opostas, ou pelo menos não muito paralelas. Quando parecemos estar diante de um drama realista, duro, seco, opaco, somos levados a acreditar que estamos diante de uma peça típica de uma “escola” teatral conhecida como teatro do absurdo em que uma verborragia quase ininterrupta nos impede de raciocinar e prestar atenção nos detalhes da vida daquele casal, onde o que sobram são apenas palavras, palavras e mais palavras com os outros, nunca olho no olho, entre eles. É um espetáculo estranho, diferente, curioso, corajoso, em que ambos os atores demonstram muita segurança no palco e são plenamente capazes de preencher os vazios provocados por essa “gangorra estética” gerada entre texto e direção.Edvard Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/10294605771948666292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8545091167154549813.post-8428945201185993582011-03-21T11:35:00.000-07:002011-03-21T12:16:30.007-07:00Estilhaços, Eduardo Wotzik<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiehfoGq1or1wpPd6usPsSxd-Ws705ZvaEyGP7rS0jobH23L5S5CZsPVlvbyCzGdBgMNoQSVx45V5C3c0Ayo7-iM-bEpTY9I-26htt6UJfPgCKmjGTQdoWRcZ8MPh7sPVqpXzzC6Fzn3bzZ/s1600/estilha%25C3%25A7os.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 200px; height: 133px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiehfoGq1or1wpPd6usPsSxd-Ws705ZvaEyGP7rS0jobH23L5S5CZsPVlvbyCzGdBgMNoQSVx45V5C3c0Ayo7-iM-bEpTY9I-26htt6UJfPgCKmjGTQdoWRcZ8MPh7sPVqpXzzC6Fzn3bzZ/s200/estilha%25C3%25A7os.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5586614224509225442" /></a><br />Diferente do que se vê por aí. Os primeiros 15 minutos te pegam de surpresa, depois a gente já sabe o que vai acontecer, mas aí fica de olho no que é dito, que é o mais importante nessa peça. As vezes bate forte, as vezes nem tanto, e no final duas frases não me saem da cabeça e olha que faz uma semana que assisti: a última (engraçadíssima) e uma outra que se repete algumas vezes durante a apresentação (que te derruba). Mas fiquei com a impressão de que o preço afasta o público, mesmo com estacionamento grátis.Edvard Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/10294605771948666292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8545091167154549813.post-21127079268059738322011-03-21T11:34:00.001-07:002011-03-21T12:23:17.060-07:00Mente Mentira, Sam Shepard<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjU4IatRjns5aBLYbb-D5N51zXLOL5gFMpH_SZ07AFOgoD7j656AWhlfE21IYNkNl-N2lptxZqLEHwh0QsJ7Wd-3wqFcGw6d6D60UoApBUzP4YsOV6m9LG-anPtEy_XHrJ2EN4TufiY-i2c/s1600/Mente+Mentira.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 133px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjU4IatRjns5aBLYbb-D5N51zXLOL5gFMpH_SZ07AFOgoD7j656AWhlfE21IYNkNl-N2lptxZqLEHwh0QsJ7Wd-3wqFcGw6d6D60UoApBUzP4YsOV6m9LG-anPtEy_XHrJ2EN4TufiY-i2c/s200/Mente+Mentira.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5586615972190760066" /></a><br />Mente Mentira.<br /><br />Um pouco longo, difícil de acompanhar se se está com sono, ou cansado, mas teatro é para ser pensado, mastigado, discutido e, de preferência turbulento, definitivamente não se presta a função de fazer relaxar aqueles que vêm de um dia intenso de trabalho e só querem se divertir. E essa peça cumpre esse papel.<br /><br />A idéia central da peça em que todo o comportamento humano é representação é comum na filosofia, mas na dramaturgia nem tanto. Muitos tentam, poucos conseguem e o Sam Shepard é um dos que conseguem e bem, basta ver "Paris Texas!". Salve Malvino Salvador pela coragem de se arriscar num personagem tão difícil, de trazer o texto para o Brasil e de compor uma equipe de tão alto nível.Edvard Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/10294605771948666292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8545091167154549813.post-49645465747221611482011-03-21T11:32:00.000-07:002011-03-21T12:23:45.721-07:00LABIRINTO , Qorpo Santo<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKaL-mpljwRirksi1gTAAOySFiLmJExckzGMDp7vZ1NpPX-Pmt32XD5DXnB2koWLodtLyjkSUyfs90nofpjYDGuVCFz0RRB8n-iMysRZ5y_w_8m_XyzH12Hc6VU0WSMTXhgX291VHHb_3-/s1600/Labirinto.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 200px; height: 133px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKaL-mpljwRirksi1gTAAOySFiLmJExckzGMDp7vZ1NpPX-Pmt32XD5DXnB2koWLodtLyjkSUyfs90nofpjYDGuVCFz0RRB8n-iMysRZ5y_w_8m_XyzH12Hc6VU0WSMTXhgX291VHHb_3-/s200/Labirinto.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5586616094485264706" /></a><br />LABIRINTO, em cartaz na arena do SESC Copacabana. Como quase tudo que vejo nesse espaço, a arena propriamente não é utiilizada. Confesso que fui por ter amigos no elenco, por respeitar profundamente o trabalho do Moacir Chaves, mas não teria ido pelo autor, Qorpo Santo, pois havia lido algumas peças dele e não gostei de nada, vi algumas encenações para as peças dele e nenhuma sequer deu "pano pra manga". Mas, lá fui eu ver "meus amigos" e qual não foi a minha surpresa ao assistir a um interessantíssimo espetáculo teatral, na qual a teatralidade, o jogo de cena e o humor era o que havia de mais importante. Para quem acompanha a trajetória do diretor, é possível perceber um imenso amadurecimento no que toca a um ponto chave em sua digamos "pesquisa pessoal" que é centrada na voz e suas potencialidades rítmicas e de intensidade. Fora isso, vi uma conjugação de imagens muito bonitas e ao mesmo tempo risíveis de tão patéticas. O elenco enorme, incomum para os atuais dias de "vacas magras", é bastante homogêneo, e, cenário, luz e figurinos são adoráveis e remtem a década de sessenta do século vinte, período em que a obra do autor foi redescoberta. Mesmo assim os quatro atos de "as relações naturais" conseguiram me irritar um pouco.Edvard Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/10294605771948666292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8545091167154549813.post-19269837478704322342011-03-21T11:30:00.000-07:002011-03-21T12:15:31.764-07:00Chopin & Sand, Walter Daguerre<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNy9hehDuzZ40gQKIF13QGLJmEV55ajx_QT63MYZRG51KBcQu9Sym8x7H54LY8-0HHdzBp-BCiUSt0GJB-pFCH_0tfpiQe5Fqpv9v1wu4Y1Yj1kcMlbdCRpPCnQeezF3DP_V89FBLcNz2T/s1600/Chopin+e+Sand.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 200px; height: 150px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNy9hehDuzZ40gQKIF13QGLJmEV55ajx_QT63MYZRG51KBcQu9Sym8x7H54LY8-0HHdzBp-BCiUSt0GJB-pFCH_0tfpiQe5Fqpv9v1wu4Y1Yj1kcMlbdCRpPCnQeezF3DP_V89FBLcNz2T/s200/Chopin+e+Sand.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5586613974880927202" /></a><br />A crítica da peça "Chopin & Sand", feita pela notável crítica Bárbara Heliodora que, verdadeiramente admiro, é uma espécie de jogo dos sete erros. A começar pelo autor Walter Daguerre que ela confunde com o ator Marcelo Nogueira. Depois, o mesmo Daguerre, que segundo ela não tinha experiência prévia em dramaturgia. Como não tinha experiência, se concorreu ao prêmio shell, dois ou três anos atrás e, muito antes disso, fora elogiadíssimo pela mesma crítica no final dos anos noventa com sua adaptação teatral para o Dom Casmurro, dirigida pelo Marcos Vinicius Faustini?Edvard Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/10294605771948666292noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8545091167154549813.post-36117931480373222962011-03-20T21:09:00.000-07:002011-03-21T12:18:33.712-07:00Sobre a nova dramaturgiaSobre a nova dramaturgia podemos dizer que desde o final do século XX que um certo movimento desconcentrado vem tentando conseguir espaço nos teatros da cidade. A partir de uma iniciativa guerrilheira e apaixonada pelo teatro de um Roberto Alvim (atualmente residente em São Paulo) que ocupou um depósito no terceiro andar do Teatro Carlos Gomes e, na esteira de sucessos como a Ópera do Malandro, e outros tantos musicais que por ali passaram, criou e manteve, junto com a atriz Luciana Borghi, bravamente um embrião de um movimento de “nova dramaturgia carioca” numa salinha que batizou de Sala Paraíso, mas que depois de um tempo curto fechou (ah, as políticas públicas equivocadas!) e agora, em 2010, reabriu, mas não se sabe ao certo com que tipo de projeto, se é que há algum projeto para utilização da Sala. Parece que só agora esse movimento bastante informal, diga-se de passagem, conseguiu se tornar uma bem sucedida realidade na cena carioca. São dezenas de peças em cartaz escritas por autores novos, jovens ou não tão jovens, mas com muita vontade de se expressar e finalmente com algum espaço para tal.<br /><br />Chama atenção que, numa rápida olhada nos cadernos de cultura da cidade, vejamos uma interessante diversidade desses novos autores, não necessariamente jovens, mas autores vivos, brasileiros, desregionalizados, sem estereótipos dramatúrgicos, falando de nós como nós somos, se é que isso é possível. Há uma profusão de autores na moda. Já não é de hoje, há sempre um Flávio Marinho, uma Lídia Manzo e uma Martha Medeiros (apesar dela não ser propriamente uma autora de teatro) em cartaz. Agora há mais, há O Matador de Santas e uma Savana Glacial de um inspiradíssimo Jô Bilac, vira e mexe ressurge com algo instigante um Walter Daguerre, com seus Rompecabezas, Decalages etc, uma Daniela Pereira de Carvalho, um Rodrigo Nogueira, um Ivan Fernandes com uma deliciosa comédia Trem Fantasma, um César Amorim, Diego Molina, Camillo Pellegrini, Larissa Câmara, Renata Mizhari, a turma do www.dramadiario.com, uma sensível Márcia Zanelatto, vencedora da última edição do Brasil em cena, provavelmente o maior festival de dramaturgia do Brasil, com a poética Tempo de solidão, o genial Newton Moreno, de as Centenárias, que assina O Livro, com Eduardo Moscovis. E ainda surgem os “novíssimos”, como: Biá Napolitani e seu Bola Preta, Helena Machado com Aos Peixes, Priscila Gontijo, com Os Visitantes.<br /><br />O teatro se alimenta dessa energia latente e eternamente jovem dos atores e dos novos dramaturgos. Quando há algo novo no ar, há uma página da história sendo escrita. Sucesso sempre! (M E R D A !)Edvard Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/10294605771948666292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8545091167154549813.post-254591134657724592011-03-20T21:08:00.000-07:002011-03-21T11:25:27.772-07:00Sobre teatro e Clandestinos<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSuvbWU37I4bj8S-56TNjEE0oaD4VeP924AuMYIH0ArJh2yhh4qTeOmnTKtYhrH66LWnkVOCDH9kqTzfDCaZF-GfnPCBiDsdDa_fIt6Hn_N85DLwFBE8-j2J1LxxssBHcHi93lOavqiQ5g/s1600/imagem-da-serie-clandestinos-o-sonho.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 200px; height: 146px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSuvbWU37I4bj8S-56TNjEE0oaD4VeP924AuMYIH0ArJh2yhh4qTeOmnTKtYhrH66LWnkVOCDH9kqTzfDCaZF-GfnPCBiDsdDa_fIt6Hn_N85DLwFBE8-j2J1LxxssBHcHi93lOavqiQ5g/s200/imagem-da-serie-clandestinos-o-sonho.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5586601064157850642" /></a><br />Bom é pouco! O espetáculo Clandestinos serve de pretexto para se falar sobre essa multidão de jovens que desejam ser atores, pois cada vez mais se deseja ser ator no mundo, contraditoriamente, cada vez menos nos aparecem atores verdaeiramente apaixonados pelo teatro. Talvez, porque cada vez mais se quer ser “ator”, “atriz”, “estrela”, “celebrity” e outros, mas, se lançar ao desafio do palco parece que se tornou algo ultrapassado. O negócio é fazer cinema e TV porque ninguém é de ferro e o sucesso lava a alma e adoça os bolsos. E todo mundo pode filmar com a câmera do seu celular.<br />A primeira e mais lógica (?) atitude de um aspirante a ator, ou celebridade (hoje em dia é difícil estabelecer com clareza uma distinção entre ambos) é vir para a cidade maravilhosa, a abençoada terra da Vênus platinada, casa da Família Marinho: a Rede Globo; que agora tem competição acirrada bem no seu quintal, com a presença Universal dos bispos Macedo e outros, entre tantos astros da Record. A emissora aliás, adota uma clara estratégia de confusão no público, ao criar produtos idênticos, com atores saídos da vizinha Rede Globo, assim como roteiristas e técnicos. Como se não bastasse isso, as duas emissoras residem na mesma rua, a, hoje, já não tão distante Estrada dos Bandeirantes.<br />O ator é testemunho vivo das mudanças da sociedade, e sabe-se lá que mudanças estão por vir, mas é fato que as novas tecnologias nos alçam a novos vôos artísticos. Já não há mais espaços para determinismos absolutos e irreprimíveis, há hoje, todo tipo de teatro e todo tipo de teatro deve haver. E o próprio teatro não me parece mais a casa única do ator. Aquele velho discurso de que só é ator quem passou pelo palco cai por terra quando se pensa em uma Glória Pires, e mesmo em uma ou outra celebridade de plantão que “estoura” em um reality qualquer, faz novela e vai bem, obrigado. Dizem, sei por ouvir dizer, por ninguém menos que uma Bibi Ferreira, que, La Galisteu, a rainha da Paulicéia Desvairada, é uma atriz de primeira, o mesmo pode-se dizer de uma Marília Gabriela, de uma Grazi Massafera e de uma Bárbara Paz (que apesar de ter ganhado a primeira edição da Casa dos Artistas, já fazia teatro no grupo Tapa. Mas o fato é que sua vida mudou, e muito, depois daquela invenção do Silvio Santos).<br />No caso da peça de João Falcão, originada em uma oficina badaladíssima no extinto Teatro Glória (alô Eike Batista, teatro tem seu valor e o Teatro Glória faz parte dos melhores capítulos da história do Teatro Carioca), a solução foi dar voz às experiências verídicas ou não de jovens atores vindos de todos os lugares do país. A montagem, simples e delicada, tem a sutil poesia dramática de João Falcão (que assinou, entre outras coisas o genial A Máquina, responsável por “lançar” no mercado atores como Wagner Moura, Vladimir Brichta, Lázaro Ramos e Gustavo Falcão) que, apesar de hoje ser muito mais conhecido como diretor de teatro e televisão, é, sem nenhuma dúvida, junto com sua mulher Adriana Falcão, um dos maiores dramaturgos dessa “nova dramaturgia” brasileira.<br />Os Clandestinos são ótimos, jovens e maduros, o que é raro. E, se é claro que as cenas foram nitidamente escritas para que cada um deles tenha seus quinze minutos de fama, é igualmente claro que esses quinze minutos vão ser muito mais do que uma peça de teatro, o que já seria o suficiente. Vem aí seriado na Globo e, quem sabe Clandestinos, o filme. O resultado final é um espetáculo alegre, que diverte, emociona e faz pensar.Edvard Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/10294605771948666292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8545091167154549813.post-53335373583996450082009-12-04T21:45:00.000-08:002011-03-21T12:17:09.474-07:00Solidão nos campos de algodão<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_PpCaaocyWBJ7MSEY7RnBUThqL97aSgXflIBaltmsxCuJ8piGynLpKvUrtz8hja4OcD-wJsB-ac4-M9il7glGqHfD3JOohmkVsf5hxjuN6nAO9OYJKyRE5t4fwV9ipm9V1nboLrcXdQzj/s1600/sod%25C3%25A3o.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 157px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_PpCaaocyWBJ7MSEY7RnBUThqL97aSgXflIBaltmsxCuJ8piGynLpKvUrtz8hja4OcD-wJsB-ac4-M9il7glGqHfD3JOohmkVsf5hxjuN6nAO9OYJKyRE5t4fwV9ipm9V1nboLrcXdQzj/s200/sod%25C3%25A3o.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5586614389030922866" /></a><br />A estréia, no Brasil, da peça de Bernard-Marie Koltès, foi encenada por Gilberto Gawronski e Ricardo Blat, em 1996. Treze anos depois, sob a direção de Caco Ciocler, esse inquietante texto é remontado no Brasil, com ares de superprodução, no espaço cultural dos Correios, no Rio de Janeiro.<br />Na peça, apesar de não haver uma ação evidenciada, a solidão dos dois homens que estão em cena o tempo todo, e o conflito que se estabelece até o final da peça, sobretudo, pela contraposição dos longos monólogos de ambos os personagens que aparentemente subentendem dois lados complementares de uma situação em que dois homens sem nome e sem referências passadas explícitas, expõem, por intermédio da palavra, um jogo de sugestões e referências indiretas ao tráfico de drogas, as mercadorias ilícitas, de uma maneira geral, e ao homossexualismo, diversas vezes na peça, também pensado como mercadoria. As qualidades poéticas do texto são ressaltadas pela bela e jovial tradução de Camila Nhary.<br /><br />Na montagem dirigida por Caco Ciocler, o cenário é o grande destaque. Além de possibilitar um fascinante jogo de gato e rato entre os personagens, favorecido pelo ambiente natural da noite na praça 15, no Rio de Janeiro. O palco a céu aberto cria uma atmosfera mágica para a peça. Os muitos conteineres onde, inclusive a plateia é acolhida, colabora com o clima de "lugar proibido", de lugar de difícil acesso. Os figurinos e a luz valorizam cada detalhe do trabaho dos atores, apesar de a luz, em alguns momentos, não colaborar muito com a visualização do que acontece em cena, momentos nos quais eles deveriam aparecer ao invés de se esconder, a iluminação acaba criando áreas de sombra que não favorecem o clima instaurado.<br />O espetáculo é encenado para 110 espectadores que se sentam em cadeiras dentro de conteineres que parecem fazer parte do cenário, onde os dois personagens se encontram. O diretor consegue imprimir ação ao texto por meio da sugestão, estabelecendo este jogo de gato e rato, de compra e venda, trabalhado com muito vigor físico por parte dos atores. Armando Babaioff e Gustavo Vaz tem grande domínio corporal e tem ótimas performances, mas por vezes parecem duas metades de um mesmo homem. O único problema desta montagem parece ser de caráter técnico, por vezes, poucas vezes, diga-se de passagem, problemas com os microfones nos impedem de ouvi-los com clareza.<br />A montagem pulsa com um vigor de enfrentamento bem a cara dos tempos nada idílicos em que vivemos.Edvard Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/10294605771948666292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8545091167154549813.post-403132431679148742009-09-13T08:44:00.000-07:002009-12-14T11:21:30.382-08:00CRÍTICA DO ESPETÁCULO: Ou Hamuretsu<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibd4Ax1c7xQPU7odzpa-Nnk6mn8q2Ugiq1KJ86R72LX4rfm3JHxANDSe2QF16g0oqVtu4usbG9e4Lh8DZZC-nihhAVqpqTPS7h7zNCJQdaJtBki1afuyGvriu-kgfIIQbuI9JnRdX-n06m/s1600-h/Hamurestoo.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5380979099206712114" style="margin: 0px auto 10px; display: block; width: 130px; height: 43px; text-align: center;" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibd4Ax1c7xQPU7odzpa-Nnk6mn8q2Ugiq1KJ86R72LX4rfm3JHxANDSe2QF16g0oqVtu4usbG9e4Lh8DZZC-nihhAVqpqTPS7h7zNCJQdaJtBki1afuyGvriu-kgfIIQbuI9JnRdX-n06m/s200/Hamurestoo.jpg" border="0" /></a><br /><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlNLI6fQRwPADx1o4zqzFzbgLkGr8-AiMCUbMLBsp_LblLkMve6mfBWQuzxLK_yD6VJ_4i7Y5ETTzU9bBrn0n74b4D23_3uTgCuVLuE2iXWl6tNc_5VmhrUmKsM0JKtaBP6axd1AkAdQJh/s1600-h/Hamuresto.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5380979011932875378" style="margin: 0px 10px 10px 0px; float: left; width: 98px; height: 143px;" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlNLI6fQRwPADx1o4zqzFzbgLkGr8-AiMCUbMLBsp_LblLkMve6mfBWQuzxLK_yD6VJ_4i7Y5ETTzU9bBrn0n74b4D23_3uTgCuVLuE2iXWl6tNc_5VmhrUmKsM0JKtaBP6axd1AkAdQJh/s200/Hamuresto.jpg" border="0" /></a><br /><br /><div>Dramaturgia: Marcio Moreira<br />Com: Cia dos Atores invisíveis<br />Dir: Marcio Moreira<br /><br />Um espetáculo de imagens extraordinárias e ritmos oscilantes, em que a atuação de Kátia Jorgensen tem grande destaque.<br />Assim como, também tem destaque os figurinos e a maquiagem, muito interessantes, sobretudo a dos atores Pedro Naine, Kátia Jorgensen e Paula Larica que desenvolveram pesquisas evidentes de uma das bases do espetáculo: O teatro Kabuki. Aliás, uma característica muito interessante do teatro atual, que vem perdendo sistematicamente espaço nas casas de espetáculos da cidade do Rio de Janeiro para os chamados Stand’up comedy, é a incidência, quase vertiginosa, de múltiplas referências, exigindo do espectador uma visão de mundo ampla e sofisticada, como por exemplo: o teatro Kabuki, o próprio Hamlet e o teatro invisível de Yoshi Oida. Além de, em planos de menor importância, as relações pessoais entre um coveiro (Rangel...) assumidamente gay e um outro que não se assume(Rubens Moreira). Um caso meio disfarçado entre o diretor e uma das atrizes, uma competição velada entre as duas atrizes principais e “amigas”. Enfim, parece haver uma história paralela para cada par de atores, mesmo os hilários Rozenkrantz e Guildersterns (Natalia e ...).<br />No entanto, as atuações oscilantes, o que dificilmente deixa de acontecer em elencos jovens e grandes. O fato é que alguns atores parecem inteiros em seus papéis de atores/personagens, ao passo que outros parecem interessados somente em suas cenas, e passam muitas vezes na peça como espectadores sem nenhuma expectativa. Pois aí parece residir um detalhe da direção que chama muita atenção e poderia chamar muito mais caso houvesse maior coesão por parte do elenco: é preciso ser personagem o tempo todo, mesmo quando se está efetivamente em cena como personagem ensaiando Hamlet e quando se é o ator discutindo ou simplesmente não fazendo nada. Aliás, nunca se está em cena fazendo nada. É tarefa do ator sempre preencher os vazios da cena.<br />Em Ou Hamuretsu fica clara uma intenção/tensão de construir um espetáculo que a partir do Hamlet, de Shakespeare, consiga discutir o teatro contemporâneo sem nenhum pudor de deixar o texto clássico um pouco de lado, apesar das analogias permanentes, como o diretor/Rei Cláudio, a amante do diretor/Rainha Gertrudes, ou o diretor deposto/fantasma (numa participação comovente, sobretudo para os estudiosos de teatro, do grande mestre/ator Yoshi Oida) que, na verdade servem de “costura” para o desenvolvimento da trama. Uma trama que, diga-se de passagem, tem diversas tramas paralelas, no melhor estilo shakespeareano.<br />Interessante também é a demonstração de elementos importantes do teatro Kabuki, pouco conhecido do público brasileiro, mas muito popular no Japão, mas falta um pouco desse elemento surpresa tão interessante que é o kabuki, no gestual da maioria dos atores, ao menos quando eles estão encenando/ensaiando a peça.<br />De ruim só a intervenção infeliz da trilha sonora do espetáculo na sala vizinha, que mostra mais uma vez, que assim como em outros espaços com diversas salas de espetáculos, falta muito para o Rio de Janeiro ter centros culturais com salas de espetáculos apropriadas para espetáculos simultâneos. É isso!</div><br /><br /><div></div><br /><br /><div>Edvard Vasconcellos.</div></div>Edvard Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/10294605771948666292noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8545091167154549813.post-38666464850470047392009-09-13T08:42:00.000-07:002009-09-13T08:43:54.502-07:00CRÍTICA DO ESPETÁCULO: Festa de família<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOT_md1QsR_oVep5o9CqZ88SFUrcrXYFHbISEGlhLi-PkAi0c3q99RYogC6x5oP1uLHc-n21Ol0wRjusg4FCdByz2wzuzgL1WeebAQnPJXVRuF901rLzjJFY0zS8YzgZLyvGYTzx5n5Fx_/s1600-h/Festa+de+familia.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5380978243307727874" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 140px; CURSOR: hand; HEIGHT: 89px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOT_md1QsR_oVep5o9CqZ88SFUrcrXYFHbISEGlhLi-PkAi0c3q99RYogC6x5oP1uLHc-n21Ol0wRjusg4FCdByz2wzuzgL1WeebAQnPJXVRuF901rLzjJFY0zS8YzgZLyvGYTzx5n5Fx_/s200/Festa+de+familia.jpg" border="0" /></a><br /><div>Dir: Bruce Gomlevski<br /><br />O filme “Festa de família”, foi talvez, o mais reconhecido filme de um movimento cinematográfico conhecido como Dogma 95. Depois do filme, veio a peça, seguindo uma herança genética escandinava de dramas pessoais, familiares com uma contundência e uma violência verbal de deixar de queixo caído qualquer um pouco mais puritano.<br />Ibsen, Strindberg, Bergman, são a árvore genealógica de um texto em que o clímax está no começo da peça quando o protagonista, na versão brasileira interpretado pelo diretor/ator Bruce Gomlevski, faz uma confissão que, aparentemente levaria a família a sua mais completa destruição. O que acontece a partir daí é que se mostra extremamente instigante: descobrir como aquela família administra aquele trauma e o absorve em nome das convenções familiares mais banais.<br />É claro que a partir dessa confissão os valores morais de toda civilização vão sendo colocados à prova e a “festa de família” não tem lá seu final feliz. É um ensaio sobre os limites do homem, sobre a capacidade de agüentar a baixeza da vida e de saber que nunca haverá um momento propício, ou adequado para se falar de determinadas coisas.<br />É uma peça seca, com atores maduros, com algum destaque para Otto Jr, Peter Boos (cantando e mantendo-se fiel ao espírito de festa para o qual foi convidado, tentando salvar a todo custo o que não tem redenção possível) e o próprio Bruce; a direção é firme e ousada, propondo, certamente em parceria com o cenógrafo, uma interessantíssima disposição espacial, com o público sentado ao lado dos atores na mesa de jantar onde acontece a festa. Figurinos e luz são corretos. É isso!<br /><br />Edvard Vasconcellos</div>Edvard Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/10294605771948666292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8545091167154549813.post-13879260214141412372009-09-13T08:40:00.000-07:002009-09-13T08:42:21.734-07:00CRÍTICA DO ESPETÁCULO: As artimanhas de Escapino<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhE1xOUYKpSl56JkltVUzYDPLxAeiWAiF66GyK2hrdjjIKoQ97A_aYYi9cffKYh4n9UtFnFvW0np3QsC5KApXcTxaE6sAUhABHJGSUEyYPYLykAb27aUXqq5fQzIEUKt08WEXHMzmm5Z_v8/s1600-h/Escapino.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5380977840596021618" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 124px; CURSOR: hand; HEIGHT: 135px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhE1xOUYKpSl56JkltVUzYDPLxAeiWAiF66GyK2hrdjjIKoQ97A_aYYi9cffKYh4n9UtFnFvW0np3QsC5KApXcTxaE6sAUhABHJGSUEyYPYLykAb27aUXqq5fQzIEUKt08WEXHMzmm5Z_v8/s200/Escapino.jpg" border="0" /></a><br /><div>De: Moliere<br />Com: Cia de Atores de Laura<br />Dir: Daniel Herz<br /><br />Sete anos atrás, estreava nos palcos do Rio de Janeiro, o espetáculo “As Artimanhas de Escapino”, da Cia de atores de Laura, dirigida pelo talentosíssimo Daniel Herz.<br />Com um grupo firme e coeso, em que os homens se destacam ligeiramente, os Atores de Laura seguem uma trajetória de constante evolução ao longo de 16 anos de existência. Desde que Daniel Herz e Susana Kruger, fundaram a companhia a partir de uma sequência de oficinas oferecidas na casa de cultura Laura Alvim, em Ipanema, de onde surge o nome da Cia e a atual formação do grupo que, praticamente não mudou ao longo desses muitos anos.<br />A atual sede dos Cia de Atores de Laura é o teatro Miguel Falabella, em pleno coração do comércio e do entretenimento na Zona Norte, o Norte-shopping.<br />A peça “As artimanhas de Escapino”, escrita pelo gênio da comédia: Jean Baptiste de Poguelin, conhecido por todos como Moliere, tem quase 400 anos de idade e, é inspirado nos famosos “canovacci”: que são pequenos roteiros de comédias dell’arte, um tipo de comédia sem texto, baseado nos improvisos, a partir desses guias/roteiro/canovacci, com tramas simples, em que os atores atingem o máximo em sua representação, na medida em que se especializavam em determinados papeis, ou seja, o ator que representava o papel de Escapino, um criado esperto e trapalhão que, no final, resolve todos os problemas satisfatoriamente, provavelmente o representaria por toda a vida.<br />A genialidade de Moliere está justamente em impor um texto a um roteiro da comédia dell’arte e, ao mesmo tempo manter-lhe o frescor de um espetáculo improvisado. Cia de Atores de Laura e Moliere, uma bela dupla. É muito gratificante quando o destaque de um espetáculo é o próprio espetáculo. Saúde, paz e prosperidade para este divertido espetáculo e para grupo de grandes atores. É isso!<br />Edvard Vasconcellos</div>Edvard Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/10294605771948666292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8545091167154549813.post-2063082615007150412009-09-13T08:39:00.000-07:002009-09-13T08:40:28.896-07:00CRÍTICA DO ESPETÁCULO: Apocalipse, segundo Domingos Oliveira<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioDaPFjn7YzDEkviKHUxMJryp39F6RlE5sgJBRf-_wT9wR3JiV_ilVd2xymIoiUxjCYlgknkAmIeMh3c81rsFdsclG8d1XEHVFth-G1WpTCynH0IlIMnNcfX7eQcG4iQjZNcfHBo4ucSTm/s1600-h/Apocalipse+DO.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5380977364272932914" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 87px; CURSOR: hand; HEIGHT: 124px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioDaPFjn7YzDEkviKHUxMJryp39F6RlE5sgJBRf-_wT9wR3JiV_ilVd2xymIoiUxjCYlgknkAmIeMh3c81rsFdsclG8d1XEHVFth-G1WpTCynH0IlIMnNcfX7eQcG4iQjZNcfHBo4ucSTm/s200/Apocalipse+DO.jpg" border="0" /></a><br /><div>De: Domingos Oliveira<br />Grupo: Fúria Fábrica de Teatro<br />Dir.: Márcia Zanellato<br /><br />Oficinas de teatro são capazes de produzir bons espetáculos? Essa é uma pergunta fácil de se responder ao se assistir “Apocalipse, segundo Domingos Oliveira”. E a resposta é: sim! E parece que a fórmula é relativamente simples: um excelente texto, uma turma de atores nada amadores, muitos inclusive profissionais tarimbados, com anos de estrada, um protagonista em grande forma e uma direção que não dificulta em nada a cena que, pelo contrário, mantêm uma impressionante “limpeza cênica” apesar dos atuais 27 atores em cena, de um grupo que originalmente eram 48.<br />Mas nem tudo são flores no espetáculo, as cenas de platéia não são atraentes e não cumprem a função de aproximar o público da cena e, em um teatro de palco italiano, com um balcão ainda por cima, a visão fica muito desfavorecida quando as cenas acontecem na platéia; a luz é criativa, mas quando é escura, é escura demais por tempo demais, no entanto cenário, figurino e maquiagem, são bem interessantes e os atores tem bom domínio de palco e do corpo.<br />O destaque da peça é capacidade de Gregório Duvivier, sem dúvida alguma, é uma das grandes revelações do teatro carioca, de fazer uma “caricatura” de um Domingos Oliveira/Deus, genial. Aliás, Gregório, há seis anos em cartaz com o Z.E. (Zenas Emprovisadas), me parece, presta sua homenagem, como um Deus/caricatura, a essa emblemática figura que é Domingos Oliveira, grande homem de teatro, de cinema e da televisão brasileira. É isso!</div>Edvard Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/10294605771948666292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8545091167154549813.post-24741598304524362372009-09-13T08:37:00.000-07:002009-09-13T08:38:43.438-07:00CRÍTICA DO ESPETÁCULO: Diálogo dos pênis<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_1lXkkwgIjRLF92_JMBE52QBRd69jd_EBNHq5bqGvfwJ7rZC_vWccvv02m6WUYkWjUq8kw7zFHAkGuiTHR08pax5A2w0oDuOJyaQBhxoJHAdiqHISamKvAe-xvNDG4aU_Ye8_62as_YyW/s1600-h/frota.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5380976912978750146" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 200px; CURSOR: hand; HEIGHT: 133px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_1lXkkwgIjRLF92_JMBE52QBRd69jd_EBNHq5bqGvfwJ7rZC_vWccvv02m6WUYkWjUq8kw7zFHAkGuiTHR08pax5A2w0oDuOJyaQBhxoJHAdiqHISamKvAe-xvNDG4aU_Ye8_62as_YyW/s200/frota.jpg" border="0" /></a><br /><div>De: Carlos Eduardo Novais<br />Com: Roberto Frota e Marcos Wainberg<br /><br />Diálogo dos pênis é a evolução do espermatozóide careca. Em 2002 Carlos Eduardo Novais e Roberto Frota, amigos de adolescência, juntaram-se para responder a altura a provocação muito bem-sucedida feita aos homens que era a peça monólogos da vagina. Eles dois, mais o ator Hélio Ribeiro que depois de dois anos em cartaz foi substituído pelo ator Marcos Wainberg, com quem Frota faz uma parceria divertidíssima de inabalável sucesso há pelo menos cinco anos.<br />A peça trata de um prosaico encontro de dois amigos, na meia–idade, num bar em uma cidade qualquer. O papo evidentemente são as mulheres, seus gostos pessoais, suas preferências etc. E ali, naquela mesa, desfiam um verdadeiro rosário de mulheres, tamanhos, formatos, pelagem, cores e idades, sem apelar, em momento nenhum para uma vulgaridade extrema. Aliás, diga-se de passagem, a única coisa vulgar na peça é o título, o que, de certo foi um apelo de marketing atrativo para aqueles que gostavam de um teatro de apelo mais popular.<br />O fato inexorável é que apesar de sete anos terem se passado, desde a estréia na extinta cada do riso, no Leblon, o espetáculo mantém o seu frescor e diverte o público. Um verdadeiro sucesso já assistido por mais de cem mil pessoas em mais de duzentas cidades desse país. Os muitos fãns arregimentados nesses anos de trajetória já cobram um novo espetáculo para percorrerem novamente o Brasil e quem sabe manter um repertório de duas três peças com a garantia de qualidade de um Roberto Frota e de um Marcos Wainberg. É isso!</div>Edvard Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/10294605771948666292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8545091167154549813.post-14230295472681481292009-09-13T08:34:00.000-07:002009-09-13T08:37:16.890-07:00CRÍTICA DO ESPETÁCULO: Vocês que habitam o tempo<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiUzIrHu0XsHUzBdIVVn7g2Sqbyu5as4ghUdvaOdVqVMSG9UasKjEKLc84qUQf9fZ0X08WDJ7OOWoywTy0VPBsFMnejIpp73R2teLuOTAciFgtXYYi_zUOLshjJNAPJ-fNtrD4y9n-6A0h/s1600-h/Novarina+em+cena+II.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5380976535316078322" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 140px; CURSOR: hand; HEIGHT: 89px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiUzIrHu0XsHUzBdIVVn7g2Sqbyu5as4ghUdvaOdVqVMSG9UasKjEKLc84qUQf9fZ0X08WDJ7OOWoywTy0VPBsFMnejIpp73R2teLuOTAciFgtXYYi_zUOLshjJNAPJ-fNtrD4y9n-6A0h/s200/Novarina+em+cena+II.jpg" border="0" /></a><br /><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiemF623U3sPsG0f-C5TwdQVT0GDr3RizLP7p_CL5p4Y9ynDDZn-87tG-SNsJABFKy8t3P5cHV-9eLZ8jl-G-G1tzrNbH5ua-1H2vvS5aVhb8c9ce9fJ42lK4OwQpiehUOkqVkSHBIpmoLn/s1600-h/Novarina+em+cena.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5380976456118957730" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 79px; CURSOR: hand; HEIGHT: 125px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiemF623U3sPsG0f-C5TwdQVT0GDr3RizLP7p_CL5p4Y9ynDDZn-87tG-SNsJABFKy8t3P5cHV-9eLZ8jl-G-G1tzrNbH5ua-1H2vvS5aVhb8c9ce9fJ42lK4OwQpiehUOkqVkSHBIpmoLn/s200/Novarina+em+cena.jpg" border="0" /></a><br /><br /><div>De: Valére Norarina<br />Dir.: Claud Buchvald<br />Com: Adessa Martins, Aldebaran Oliveira, Aline França, Andrey Mendes, Colombine Meyer, Dendu Jadel, Flávio Amado, Jordana Shelly, Lorena Serafim, Maria Frignoni, Patrícia Teles e Rosa Zélia.<br /><br />z Uma peça de teatro montada com estudantes/atores do Brasil e da França, das Universidades Paris 8, Unirio e UFRJ. O espetáculo fez parte do projeto “Novariná em cena”, coordenado pela dramaturga Ângela Leite Lopes, que é a tradutora para o português da obra deste autor e artista plástico francês, nascido em 1947, e que, atualmente é um dos autores mais encenados na França.<br />A produção textual de Valère Norarina não se insere na dramaturgia tradicional e propõe outras possibilidades de sentidos cênicos a serem explicados. Para Novarina o próprio pensamento é teatro, toda palavra para ele é jogo, formando a “Arquitetura da catedral do corpo”, que é como se refere a sua própria obra. De fato a sua escrita está na linguagem, mas na linguagem como matéria, como carne.<br />No entanto, apesar de uma dramaturgia extremamente filosófica e de uma relação com a cena altamente “literária”, é difícil se empolgar e, por vezes, suportar as quase duas horas de uma avalanche de frases, algumas interessantes, que nos fazem as mais diversas provocações, outras aparentemente banais e desnecessárias.<br />Tal e qual um observador de uma pintura abstrata, diante da qual se fica o tempo que se quiser, talvez, do ponto de vista puramente estrutural, o encontro com a obra de Novarina no palco poderia ser também livre para a platéia. Coisa que não acontece em função de, entre outras coisas, a disposição do teatro (espaço físico) constranger o espectador de sair, e como estamos acostumados a um clímax já perto do final, fica-se sempre com a expectativa de que algo venha a acontecer no fim, o que também se frustra como expectativa.<br />É um teatro para iniciados em teatro, em filosofia e em Novarina. Definitivamente um espetáculo para iniciados é este: “Vocês que habitam o tempo”. É isso!<br /><br />Edvard Vasconcellos</div></div>Edvard Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/10294605771948666292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8545091167154549813.post-40473131493299566112009-09-13T08:32:00.000-07:002009-12-14T11:20:34.567-08:00CRÍTICA DO ESPETÁCULO: Hoje é dia de pecar<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGU0i7pVWLjMOfM8NlIuel0WuieXAsvUWYAZiiHgpqDVMmv4iQgS93R3V6_1GBi3xBaam1lQ4_cBgv2uGZLB6odiHwmy5FS3ppVywaRbxSwaTv2AZ76gBwToMFFmugkR9wGSRjBfUfHFcz/s1600-h/Mario+Lago.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5380975916610475346" style="margin: 0px 10px 10px 0px; float: left; width: 80px; height: 103px;" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGU0i7pVWLjMOfM8NlIuel0WuieXAsvUWYAZiiHgpqDVMmv4iQgS93R3V6_1GBi3xBaam1lQ4_cBgv2uGZLB6odiHwmy5FS3ppVywaRbxSwaTv2AZ76gBwToMFFmugkR9wGSRjBfUfHFcz/s200/Mario+Lago.jpg" border="0" /></a><br /><div>De: Mário Lago e José Wanderley<br />Dir: Deivid Bertollo<br />Com: Cintia Travassos, Cleidson Gonçalves, Deivid Bertollo, Rogéria Capetine, Victor Carvalho, Kamilla Anhê, e Carina Anhê.<br /><br />Uma comédia de humor ingênuo, com jovens atores, curiosamente encantados com a obra de Mario Lago e de José Wanderley – curiosamente, por se tratar de obra ingênua; obra que, vista nos tempos atuais, soa tão antiga.<br />O espetáculo, no entanto vale como singela homenagem a este grande ator, compositor e poeta brasileiro. Símbolo de um Rio de Janeiro que não existe mais e, autor de uma “pérola” da música popular brasileira “Amélia”, aquela que era mulher de verdade...<br />A peça propriamente dita, em cartaz no teatro Ipanema (que, há muito já deveria ter se tornado teatro Rubens Correia, tal sua dedicação àquele espaço construído por ele mesmo em terreno onde era a casa de sua família) começa, ainda no 2º sinal com a atriz Cíntia Travassos, tirando algumas risadas do público ao adentrar a platéia fazendo a faxina e espanando as cabeças do público. Uma boa ideia da direção que não é aproveitada outras vezes, sobretudo nas inexplicavelmente longas transições de atos.<br />Quando toca o terceiro sinal, a faxineira retorna cantando “Amélia”, um pouco ofegante, diga-se de passagem. Ao subir no palco faz um interessante prólogo em que nos apresenta os autores da peça. O bom desse artifício é que provavelmente uma platéia jovem desconhece tanto Lago, quanto Wanderley. Finalmente a cortina se abre com a promessa de um “Vauderville” típico, talvez com contornos de opereta, o que não acontece. Ao entrar cantando para abrir o pano, a atriz estabelece um código com o público, assim como o faz ao divertir a platéia com uma cena que não tem propriamente nenhuma relação com o enredo do espetáculo que se segue.<br />Os atores Deivid Bertollo e Victor Carvalho, apesar do esforço, parecem jovens demais para os papéis que desempenham. O primeiro ao assumir também a função de diretor, sem que ninguém faça sua assistência paga o preço das múltiplas funções e, se o seu trabalho como ator não chega a comprometer é como diretor que comete suas maiores falhas. Sua direção permite que os atores exagerem tanto em seus trejeitos e gags em busca de humor fácil e imediato, que soam por demais excessivos. Victor Carvalho só não precisava imitar um português, já que ele seria o contraponto de humor da estratégia criada pela mulher, a atriz Rogéria Capetine (que aproveita pouco o potencial humorístico da personagem), a fim de pegá-lo em flagrante adultério.<br />As mudanças entre os atos são demoradas e poderiam perfeitamente incluir outras divertidas cenas com a faxineira ou motorista ou mesmo outros atores/personagens que tenham semelhante habilidade para esse contato tão direto com a plateia.<br />Cenários, figurinos e luz não comprometem, mas talvez ao invés de três, talvez se pudesse usar quatro portas e equilibrar a cena nos dois lados. Outro elemento cenográfico não utilizado e que potencial enorme nesse tipo de comédia eram os biombos, que se tornaram mera decoração.<br />Vale a homenagem e o empenho do jovem grupo. É isso!<br />Edvard Vasconcellos</div>Edvard Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/10294605771948666292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8545091167154549813.post-23311706392461144252009-09-04T18:36:00.000-07:002009-09-04T18:43:39.736-07:00CRÍTICA DOS ESPETÁCULOS: O Estrangeiro, Diário de um louco, O língua solta e Não matei, mas sei quem fui<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrR76V84QMy4e5CMINolU-X7u454Ygh3J8CiGUSwU25TtN17UsofxWXawE8bOA9XR7PfrOiIIre68Mz6e5tfVVE9qXGAuuDKRifmWfl09-zLaM-9CPu6uZwanz7_s77iDsBdKiZNF-tPVs/s1600-h/O+lingua+solta.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5377793003313455666" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 135px; CURSOR: hand; HEIGHT: 89px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrR76V84QMy4e5CMINolU-X7u454Ygh3J8CiGUSwU25TtN17UsofxWXawE8bOA9XR7PfrOiIIre68Mz6e5tfVVE9qXGAuuDKRifmWfl09-zLaM-9CPu6uZwanz7_s77iDsBdKiZNF-tPVs/s200/O+lingua+solta.jpg" border="0" /></a><br /><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguEGDyLKxixa9y69hgLXY_ytFeB3rforjdCR1uwcRLX_oQf-bzEuZxTjZLl9gFPgwFFy1qDw-LLF1UeZuMF_Ib7FQgK_ThEr2Rpr-cFmJyE-EUc5xPbHOpjtEpx34BAZUbu4E5oQizTmWe/s1600-h/Tovar.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5377792646130923890" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 100px; CURSOR: hand; HEIGHT: 125px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguEGDyLKxixa9y69hgLXY_ytFeB3rforjdCR1uwcRLX_oQf-bzEuZxTjZLl9gFPgwFFy1qDw-LLF1UeZuMF_Ib7FQgK_ThEr2Rpr-cFmJyE-EUc5xPbHOpjtEpx34BAZUbu4E5oQizTmWe/s200/Tovar.jpg" border="0" /></a><br /><br /><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcB9fsRo0ADYcRR8xLrypeCtqraGpenVJ4pv_Jj-9gHlrn1hojLOOsz7uY1sUF3ZE9yISZsgQDcvfVVjK9k4X9lPvOWKqcZDU71ZZ0CsGpggw8Au68e8siSpR4BLQ4RUUFl8hvsK-86HAp/s1600-h/O+estrangeiro.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5377792367356340498" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 85px; CURSOR: hand; HEIGHT: 118px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcB9fsRo0ADYcRR8xLrypeCtqraGpenVJ4pv_Jj-9gHlrn1hojLOOsz7uY1sUF3ZE9yISZsgQDcvfVVjK9k4X9lPvOWKqcZDU71ZZ0CsGpggw8Au68e8siSpR4BLQ4RUUFl8hvsK-86HAp/s200/O+estrangeiro.jpg" border="0" /></a><br /><br /><br /><div>CRÍTICA DOS ESPETÁCULOS: O Estrangeiro, Diário de um louco, O Língua solta e Não matei, mas sei quem fui.<br /><br />Quatro espetáculos! Quatro monólogos! Quatro atores em cena, no auge da forma.<br /><br />A opção pelo monólogo, durante muito tempo foi uma considerada uma opção difícil, com pouca possibilidade se sucesso, algo só pensável para os grandes atores, mas grandes mesmo, os dinossauros, os gênios, enfim, uma responsabilidade e tanto.<br />Muita coisa mudou no teatro brasileiro nos últimos vinte anos. No final dos anos oitenta do século XX, por exemplo, a opção que mais se via nos palcos da cidade, eram espetáculos com grande quantidade de atores, ao menos nos palcos cariocas. No final do século, e no começo do novo milênio pode-se dizer que as mulheres criaram coragem e partiram para um primeiro surto monológico que se estendeu até 2007, aproximadamente. Atualmente, este ano de 2009, especificamente, pode-se afirmar, sem medo de errar, que os monólogos masculinos tomaram conta dos teatros cariocas. Dividindo espaço com Stand-up comedy’s dos mais diversos, comédias ligeiras e formaturas de cursos de teatro.<br />Crise financeira, facilidade de traslados, espaços cênicos cada vez menores, enfim, são muitos os motivos para que um ator tome “coragem” de encarar sozinho uma platéia. Uma outra tendência bastante contemporânea são as encenações de textos, a princípio, não teatrais, como: contos e romances consagrados. E ainda há a, já bem consolidada, aposta em textos de novos autores brasileiros, que desde o começo do século vêm se tornando uma realidade muito bem-vinda em nossos palcos.<br />Particularmente quatro peças, quatro monólogos masculinos merecem uma atenção especial: O estrangeiro, de Albert Camus, dirigido por Vera Holtz, com um tecnicamente impecável, Guilherme Leme; O Língua Solta, de Miriam Halfim, dirigido por Xando Graça, com um inspirado e eficaz, Isaac Bernat; Não matei, mas sei quem fui, de Cesar Amorim, dirigido por Diego Molina, com um divertidíssimo César Amorim; e, finalmente, Diário de um louco, de Nicolai Gogol, dirigido por Alexandre Bordallo, com um amadurecido e surpreendentemente emocional Cláudio Tovar, são espetáculos que, entre outras semelhanças, sobrevivem em cartaz na cidade do Rio de Janeiro, tendo comportamento de show. Ou seja, sobrevivem “pulando” de teatro em teatro, em curtas, e às vezes, curtíssimas temporadas, pelos muitos centros urbanos que se espalham pela cidade do Rio de Janeiro.<br />Eis aí uma discussão interessante, na medida em que se descobre, ou, ao menos se levanta a hipótese de que não há mais um lugar certo para se manter em cartaz uma peça. Na verdade, há vários lugares possíveis, que oferecem temporadas cada vez mais curtas, em teatros cujos aluguéis são exorbitantes. E, se um ator quer ser visto, parafraseando Milton Nascimento, “ele tem de ir onde o público está”.<br />É fato que, depois do 11 de setembro, depois das sucessivas crises políticas e econômicas, depois da queda do dólar, da bolsa de valores, da reiteradamente incompetente política de transportes públicos do Rio de Janeiro, dos preços extorsivos das peças, das equivocadas políticas culturais, da polêmica da meia-entrada, dos engarrafamentos, das tentativas de assaltos, do tumulto generalizado na hora do rush na cidade; da novela das oito, da NET, SKY, TVA, DVD, Blue-ray, YOUTUBE, GOOGLE, etc, o público desistiu, ou, se não desistiu ainda, ficou mais seletivo, e, para desespero da “gente de teatro”, bastante acomodado.<br />Então, parece evidente uma produção terminar adotando como estratégia de sobrevivência estrear no SESC, CCBB, CCJF, ou SESI, depois ir para o Shopping da Gávea, de preferência, ou para o Teatro do Leblon, e depois, para algum teatro do Centro da Cidade; depois, Teatro dos Grandes Atores, na Barra, algum teatro em Copacabana, se ainda existir, pois a decadência é tanta em Copacabana que só existem dois teatros em funcionamento onde, outrora havia dez teatros; assim como, só há um cinema, onde, até a última década do século XX, havia oito salas.<br /><br />Sobre as peças:<br /><br />O estrangeiro, de Camus, é um ícone do existencialismo, movimento filosófico importantíssimo no século XX; um romance filosófico que fez história nos anos sessenta. Até hoje faz parte da maioria das antologias lançadas em bancas de jornal. Então, é bem possível que todos nós tenhamos um exemplar em casa e nunca tenhamos lido. Mas quem se deu ao trabalho de ler, certamente não passou batido pela vida daquele personagem diante de um imenso vazio interior; certamente se pôs a pensar no sentido da vida, do cotidiano, do dia-a-dia, do significado das coisas, na motivação que tanto nos dizem ser importante para a vida. O que nos motiva? Para que serve tudo o que fazemos? É possível, simplesmente, viver a vida sem nos deixar impactar pelos acontecimentos? Vale a pena ver a peça, ler o livro, e tudo que se produzir sobre essa obra porque todos somos um pouco estrangeiros diante da vida. E a peça ainda tem o trabalho esplendoroso de um ator numa idade em que consegue unir vigor físico e experiência, uma grande atuação de Guilherme Leme e uma suave e sutil direção de Vera Holtz.<br /><br />O Língua Solta é outro monólogo que apresenta um ator experiente e ágil em cena, bem dirigido por Xando Graça, que parece ter “permitido” que, dentro de uma “partitura física” bastante rígida, Isaac Bernat apresente ao público uma grande habilidade em transformar objetos inanimados em personagens, sem que sequer percebamos como ele construiu aquelas formas animadas e, ao mesmo tempo consiga emocionar e fazer rir na mesma proporção, além rememorar uma história do Brasil que ninguém lembra ou sequer sabe que um dia existiu. A peça conta à história de Bento Teixeira que foi o primeiro poeta a ser publicado no Brasil, em 1601. O autor da Prosopopéia sofreu as agruras da perda de dois filhos, da traição e da delação da mulher ao Tribunal da Santa Inquisição. Ainda assim, o espetáculo consegue ser divertido e emocionante.<br /><br />Diário de um louco é, como diz o diretor Alexandre Bordallo, a exaltação da genialidade artística que permeia a loucura, a loucura criativa, producente, construtiva. Outro excelente momento da condição do ator brasileiro. Como temos grandes atores nesse país! A peça serve a um duplo propósito ambos louváveis: comemorar os 40 anos de carreira de um Cláudio Tovar memorável, capaz de criar personagens com os quais contracena, ao longo da uma hora e meia da peça, a partir de sapatos velhos, garrafas pets, vassouras, etc. Uma verdadeira aula sobre a utilização de cenários e figurinos – Aliás, de um barroquismo delirante, e ao mesmo integralmente utilizado. É impressionante como nada, nada mesmo é excessivo em cena. Aliás, tudo parece ter tamanha utilidade em cena que depois de uma hora tentando absorver todos aqueles seres criados brilhantemente por Tovar, o público cansa. Cansa e, lamentavelmente protesta, se mexe, muda de lugar, vai embora sem muito respeito pelo “monstro sagrado” do teatro que está ali, no palco, nos brindando com o melhor dele mesmo. Uma pena que o público venha ficando cada vez meno paciente com o tempo, com a ideia de absorver uma obra com calma, lentamente. Parece que tudo hoje têm que ser vertiginoso, veloz, em ritmo de musical da Brodway, mas com a duração de uma série de TV. Chega a ser frustante! Mas apesar do público, Tovar mantém toda a dignidade de homem de teatro e nos oferece um espetáculo comovente para quem teve coragem e respeito de ficar na sala até o fim daquela pequena pérola do teatro contemporâneo.<br /><br />Não matei, mas sei quem fui, de César Amorim, é uma divertidíssima comédia, filosófica; esquizofrênica, para ser mais explícito. Quando começa a peça vemos um homem num banheiro de motel, conversando com seu pênis, tentando fazer com que sua vida seja resolvida pelo sexo. Tudo parece muito corriqueiro e sem nada de especial até que entra em cena um alterego, e outro, e outro, e um outro. A partir daí, vemos em cena um ator, contracenando consigo mesmo, mas não fazendo quatro personagens diferentes, e sim, representando quatro facetas dele mesmo. É claro que isso gera uma torrente vertiginosa de humor que César aproveita muito bem. A direção de Diego Molina é firme e colabora, na verdade, muito com a atuação de César. Parece que nesse caso a direção foi muito mais uma parceria e um olhar de fora para deixar o ator livre para criar seus vários eus e enlouquecer platéia, levando-a as gargalhadas.<br /><br />É isso!Edvard Vasconcellos</div></div></div>Edvard Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/10294605771948666292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8545091167154549813.post-85466260438724185992008-08-01T11:12:00.000-07:002008-08-01T11:15:46.049-07:00Aderbal Freire Filho<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLTpS5XNsEte05LJ2CrUeJGU7s99AllFHkvkmyox3N40GQhWG0qIpGtX2mlVLwljueG6HjgOcifkHT_66R0t3r-E9AdJxpdw5D9HA8jXJkMU0C66gR54UWdeR653NQBkNwLgE4gl_7hgkZ/s1600-h/Aderbal.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5229614605795638754" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLTpS5XNsEte05LJ2CrUeJGU7s99AllFHkvkmyox3N40GQhWG0qIpGtX2mlVLwljueG6HjgOcifkHT_66R0t3r-E9AdJxpdw5D9HA8jXJkMU0C66gR54UWdeR653NQBkNwLgE4gl_7hgkZ/s320/Aderbal.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">Aderbal Freire Filho (Fortaleza CE 1941). Diretor. Fundador do Grêmio Dramático Brasileiro, 1973, e do <a href="javascript:void(0);">Centro de Demolição e Construção do Espetáculo</a>, 1989, Aderbal Freire Filho assina, entre outros, <a href="javascript:void(0);">Apareceu a Margarida</a>; <a href="javascript:void(0);">A Morte de Danton</a>; A Mulher Carioca aos 22 Anos e Tiradentes. Distingue-se entre os diretores brasileiros por aliar a busca constante por novas formas de teatralismo a uma encenação que prioriza o ator como agente principal da linguagem e da comunicação das idéias do texto.<br />Forma-se em direito em Fortaleza onde, a partir de 1954, participa de grupos amadores e semiprofissionais de teatro. Muda-se para o Rio de Janeiro em 1970, e faz sua estréia como ator em Diário de Um Louco, de Nikolai Gogol, encenado dentro de um ônibus que percorre as ruas da cidade. Sua primeira direção é O Cordão Umbilical, de <a href="javascript:void(0);">Mario Prata</a>, em 1972. Seu primeiro grande sucesso profissional é a direção do monólogo com <a href="javascript:void(0);">Marília Pêra</a>, Apareceu a Margarida, de <a href="javascript:void(0);">Roberto Athayde</a>, 1973.<br />A seguir, organiza o Grêmio Dramático Brasileiro, que pretende montar simultaneamente, com o mesmo elenco num cenário único, diversas peças nacionais e mantê-las em cartaz em regime de repertório. A experiência inicial, com Um Visitante do Alto e Manual de Sobrevivência na Selva, também de Roberto Athayde, Pequeno Dicionário da Língua Feminina e <a href="javascript:void(0);">Reveillon</a>, de <a href="javascript:void(0);">Flávio Márcio</a>, todas de 1974, esbarra na fragilidade da produção e na ingenuidade dos três primeiros textos, mas revela em Reveillon, segundo o crítico <a href="javascript:void(0);">Yan Michalski</a>, "uma das peças mais originais e densas da época".<br />O Vôo dos Pássaros Selvagens, de Aldomar Conrado, 1975, e Crimes Delicados, de José Antônio de Souza, 1976, revelam uma sofisticação visual da sua linguagem, já detentora de uma poética própria, cuja tendência ao hermetismo traz restrições da crítica e lhe atribui a imagem de diretor maldito. Em 1977, monta A Morte de Danton, de Georg Büchner, num canteiro subterrâneo da construção do futuro metrô carioca. A ousadia experimental vem acompanhada do fracasso de público e crítica, o que interrompe prematuramente sua carreira. A imagem de diretor fora dos esquemas comerciais reaparece nos três espetáculos subseqüentes: Em Algum Lugar Fora Deste Mundo, de <a href="javascript:void(0);">José Wilker</a>, 1978, O Desembestado, de Ariovaldo Mattos, 1980, e Dom Quixote de la Pança, adaptado da novela de Cervantes pela intérprete e produtora <a href="javascript:void(0);">Camilla Amado</a>, 1980.<br />Na década de 80, realiza experiências com teatro de rua, em grandes montagens de dramas sacros e também com adaptações para Machado de Assis e Carlos Drummond de Andrade. Com Moço em Estado de Sítio, 1981, de <a href="javascript:void(0);">Oduvaldo Vianna Filho</a>, montado com jovens atores, inicia-se uma fase criativa em que o diretor associa a busca pela teatralidade a um processo de montagem que, com a participação do elenco, toma o texto teatral como eixo da criação. Segundo o crítico Yan Michalski: "...A premiada direção de Moço em Estado de Sitio abre uma nova e fértil fase na criação de Aderbal. O aprofundamento das suas características de equilíbrio entre o impulso experimental, a clareza da exposição e, freqüentemente, um eficiente manejo do humor (...)".1<br />Em 1983, dirige Besame Mucho, de Mario Prata, e leva os prêmios Paulo Pontes e Mambembe. Em 1984 encena Mão na Luva, novamente Oduvaldo Vianna Filho, com <a href="javascript:void(0);">Marco Nanini</a> e <a href="javascript:void(0);">Juliana Carneiro da Cunha</a>, levando dois Mambembes e o Golfinho de Ouro de melhor diretor.<br />Em 1979 dirige Crimes Delicados, de José Antônio de Souza, em Buenos Aires, quando inicia uma série de trabalhos que realiza periodicamente em países da América Latina - entre eles, Mefisto, de Klaus Mann-Arianne Mnouchkine; com a Comédia Nacional do Uruguai 1985/1986, resulta numa das suas encenações mais complexas; Egor Bulichov y otros, de Máximo Gorki, com El Galpón, de Montevidéu, 1987/1988; a ópera Simon Boccanera, de Verdi, também em Montevidéu, 1988. Na Holanda, dirige Soroco, Sua Mãe, Sua Filha, adaptado de Guimarães Rosa, com o Teatro Munganga de Amsterdã, em 1989. Participa de festivais e mostras internacionais de teatro no Uruguai e na Colômbia, onde apresenta espetáculos e orienta oficinas de direção. Seis dos seus espetáculos recebem o Prêmio Inacen de melhor espetáculo do ano, entre eles Mão na Luva, que recebe no Uruguai o Prêmio Florencio de melhor espetáculo estrangeiro de 1985. No mesmo ano, em Montevidéu, dirige Mefisto, com o elenco oficial da Comédia Nacional de Uruguai. Participa com espetáculos e/ou oficinas em festivais e mostras de diversos países da América Latina. Mantém-se atento à realidade continental e à necessidade de uma aproximação entre o teatro brasileiro e os dos países vizinhos.<br />No final da década de 80, Aderbal retoma um antigo projeto de constituir uma companhia de teatro e se estabelece no Teatro Gláucio Gill, desativado e destruído. Em menos de um ano, o Centro de Construção e Demolição do Espetáculo reabre o espaço e estréia, em 1990, A Mulher Carioca aos 22 Anos, um dos seus espetáculos mais elaborados. Utilizando-se de um romance na íntegra, mescla os gêneros dramático e épico em uma linguagem inovadora: oito atores se revezam em mais de trinta personagens, cada personagem assumindo os trechos narrativos referentes a si mesmo e ditos enquanto atua, de maneira a, de um lado, pessoalizar o narrador e, de outro, pluralizá-lo. O êxito desse espetáculo lhe vale o Prêmio Shell do ano, e pode ser considerado um dos fatores de estímulo à série de espetáculos que, na década de 90, investigam o gênero épico.<br />No início da década de 90, dedica-se a personagens históricos, realizando: Lampião, do próprio Aderbal, voltado ao herói do cangaço, 1991; O Tiro que Mudou a História, dele e de Carlos Eduardo Novaes, sobre Getúlio Vargas, 1991; Tiradentes, Inconfidência no Rio, dos mesmos autores, sobre o conspirador mineiro, 1992. Esse último lhe vale uma encenação ímpar no teatro brasileiro. Em Tiradentes, o público é distribuído em seis ônibus, visitando separadamente seis diferentes locações no centro da cidade do Rio de Janeiro, para reencontrarem-se todos na Praça Tiradentes, cenário final do espetáculo.<br />O investimento na sede, no entanto, se perde quatro anos depois, quando o governo do Estado expulsa a companhia do local. Os atores seguem o diretor na sua nova sede - o Teatro Carlos Gomes, onde realizam, entre outros espetáculos e eventos, Senhora dos Afogados, de Nelson Rodrigues, em 1994. A companhia encerra suas atividades com a montagem de um musical - No Verão de 1996 -, na qual o diretor parte dos quadros de Rubens Gershman para criar uma dramaturgia fragmentada que comenta e critica os fatos sociais e políticos da cidade, como uma moderna revista.<br />Em 1995, encena Lima Barreto, ao Terceiro Dia, obra de Luís Alberto de Abreu, escrita dez anos antes; e Kean, adaptação de Jean-Paul Sartre da obra de Alexandre Dumas, novamente com o ator Marco Nanini. Em 1997, dirige O Carteiro e O Poeta, de Antônio Skármeta, sobre Pablo Neruda. A partir de então, passa a ser convocado para dirigir espetáculos com artistas globais.<br />Aderbal trabalha também fora do Rio de Janeiro, faz montagens com grupos locais, dá cursos e dirige alunos de escolas de teatro. Sua prática na criação de espetáculos combina-se a um progressivo desenvolvimento de reflexões que dão origem a textos sobre teatro, a palestras e a oficinas. O ensino é uma atividade paralela presente na sua trajetória: leciona na Casa das Artes de Laranjeiras, na Escola de Teatro Martins Pena e na Faculdade de Letras da UFRJ. Na Escola de Comunicação da UFRJ, coordena um curso de pós-graduação lato sensu.Aderbal Freire Filho privilegia dramaturgos nacionais e latino-americanos, e dedica ao texto um minucioso estudo que, realizado em conjunto com os atores no processo da encenação, serve de alavanca à criação da linguagem de cada espetáculo. Percorre, ao longo da sua carreira, uma gama variada de linguagens e projetos cênicos, e caracteriza-se pela ênfase à função questionadora do processo de criação teatral. Dá um depoimento sobre a sua trajetória, a sua visão do teatro e expõe o seu processo de trabalho e método de encenação pessoal, colhido por Rúben Castilho.</div>Edvard Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/10294605771948666292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8545091167154549813.post-26919725184435954342008-06-16T11:22:00.000-07:002008-06-16T11:24:47.050-07:00João do Rio (pseudônimo de Paulo Barreto)<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8o7Je5DTEKX38s9AQsHTik2AncxOIkYWgYirrPxQF38KGb54RglA7k5KYKKEV_SCWGMGT5K_-cVTgwRxyk8XN1JmaFfUG87AmqtHg6aNZtXyWm0INxsv-VeOJN96wbA_1NInmaNrq0m4E/s1600-h/João+do+Rio.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5212547019473697650" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8o7Je5DTEKX38s9AQsHTik2AncxOIkYWgYirrPxQF38KGb54RglA7k5KYKKEV_SCWGMGT5K_-cVTgwRxyk8XN1JmaFfUG87AmqtHg6aNZtXyWm0INxsv-VeOJN96wbA_1NInmaNrq0m4E/s200/Jo%C3%A3o+do+Rio.jpg" border="0" /></a><br /><div>João do Rio (pseudônimo de Paulo Barreto, 1881-1921), viveu, por vários indícios, na atmosfera crepuscular, mas aquilo que o distingue é a sátira aos ambientes decadentistas, a afirmação de uma autenticidade profunda, nascida em meio ao brilho fútil e ao jogo de palavras. O uso contumaz do paradoxo, arma desferida contra os erros sociais. Aproxima-o inevitavelmente de Oscar Wilde. O dramaturgo, arguto cronista, não perde oportunidade de emitir um pensamento ou uma frase de efeito.<br />João do Rio enuncia algumas de suas convicções estéticas: “É impossível fazer uma obra de arte com outro sentimento que não seja o da beleza ou o da vida. Em todas as manifestações da arte. A obra é que, depois da realidade (se exprime com a realidade maior que a realidade em certo estado d’alma universal), passa a ser símbolo.<br />Estribado nesses princípios, Jaó do Rio fez uma literatura dramática sem mistérios, cujo teor intimista transparece das sensibilidades retratadas. A sugestão completa o esboço, que foi traçado em cena. As peças inscrevem-se, assim, no território poético.<br />Clotilde foi o primitivo título da primeira peça dramática escrita por João do Rio, e estreada com o título definitivo Última Noite, em 1907, juntamente com O Dote, de Artur de Azevedo. (o episódio passa-se na roça), o marido desconfia do adultério de Clotilde, e resolve ficar de tocaia, para matar o sedutor em sua escalada noturna, impossibilitada de avisar o amante. Clotilde aceita a declaração de amor de outro homem (que ela odiava), e o leva a percorrer o itinerário fatal. Independente de considerações éticas, Clotilde salva o amante. Tenta João do Rio um passo mais ambicioso em A Bela Madame Vargas. Toca o autor pela graça de sua criatura, uma ferida brasileira: “O mar é um laboratório da imaginação e é por isso que eu explico a superprodução de poetas nacionais pela extensão das costas...”. a viúva Madame Vargas, que sempre brilhou pela beleza, está às voltas com Carlos, um rapaz que assume aos poucos o papel de vilão José, que há muito lhe propunha casamento, não só cresce em simpatia, mas pode também resolver o problema financeiro em que ela se debate. Carlos quer envolvê-la, ameaça escândalo e só não consuma a vilania porque Belfort, providencial anjo da Guarda, lembra-lhe a existência de um documento comprometedor. O desfecho poderá ser feliz; não fosse a natureza operística de Carlos, o debate de Madame Vargas entre um amor que finda e outro que desponta teria validado a peça.Que Pena ser só Ladrão – Encontro – Um Chá das Cinco – Eva.</div>Edvard Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/10294605771948666292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8545091167154549813.post-62710160686497073442008-06-16T11:20:00.000-07:002008-06-16T11:22:41.998-07:00Sensibilidades Crepusculares – Goulart de Andrade<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimvYiH8y7QRBB1P43tTanJQQI6WdMgNpMpBhgpC3FSU5fRzxgd4inD54Qhj1ucn0dTyGjqXaz04MppPuEnhJQUH6gYFHMscGGU2NJy3uTntg_-CjmsYAbq_-3jVnwxzfvtfwqw181Hl8In/s1600-h/Goulart+de+Andrade.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5212546460468035122" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimvYiH8y7QRBB1P43tTanJQQI6WdMgNpMpBhgpC3FSU5fRzxgd4inD54Qhj1ucn0dTyGjqXaz04MppPuEnhJQUH6gYFHMscGGU2NJy3uTntg_-CjmsYAbq_-3jVnwxzfvtfwqw181Hl8In/s200/Goulart+de+Andrade.jpg" border="0" /></a><br /><div>Os movimentos decadentistas, ao sabor Fin de Siècle, alcançaram o nosso teatro: sua maior vítima foi o poeta Goulart de Andrade (1881-1936), cuja sensibilidade doentia se espraiou em Alexandrinos de má literatura.<br />Goulart de Andrade é sintomático de uma tendência teatral, o dramaturgo que exprimiu, num extremo de irremediabilidade cênica, o gosto deliqüescente dos sentimentos serôdios.<br />Renúncia, um ato curto, baseado num conto de Oscar Lopes, basta-se com três personagens: Ester, mãe viúva; seu filho Cláudio, de 20 anos e Laura, outra viúva, de 36 anos. A escolha das criaturas sugere o conflito pretendido. O núcleo dramático acha-se no diálogo das duas mulheres, tentando Ester convencer Laura de que seria melancólico e futuro, se levasse avante o propósito de casar-se com o filho. A razão recomenda a Laura a renúncia. O que nos parece hoje de uma curiosa ingenuidade é a revelação de Ester. Ela diz claramente que não suportaria uma ligação do filho com outra mulher. O complexo de Édipo do jovem já estaria claro no interesse por Laura.<br />Outro texto de implicações incestuosas é Sonata ao Luar. Dessa vez, é o pai que não deseja o casamento da filha. Para não repetir a situação de Renuncia, aqui o pai abdica da intransigência primitiva e acaba admitindo o matrimonio. O adágio da Sonata ao Luar, pontilha a aclamação do verso, imperturbável na rigidez pateta e solene. Depois da Morte – Numa Nuvem – Jesus – Os Inconfidentes – A duvidosa inspiração literária condena a existência cênica do teatro de Goulart de Andrade.</div>Edvard Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/10294605771948666292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8545091167154549813.post-30942605312700528342008-06-16T11:18:00.000-07:002008-06-16T11:20:10.912-07:00Laivos intelectuais de Coelho Neto<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpejnXDMINTCvVnhBtpXNUaWha650C3umzDqCg0impBthV0dUlKmCM3u3j5yCBd2z8r4CfuBc_C6MaQz41SRnSbUCbWR7uNPVVR-EkX0j1eiX12AmxpmLHrnOUsjjKQO1VKBlczlbwXUPE/s1600-h/Coelho+Neto.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5212545849313160226" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpejnXDMINTCvVnhBtpXNUaWha650C3umzDqCg0impBthV0dUlKmCM3u3j5yCBd2z8r4CfuBc_C6MaQz41SRnSbUCbWR7uNPVVR-EkX0j1eiX12AmxpmLHrnOUsjjKQO1VKBlczlbwXUPE/s200/Coelho+Neto.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">A obra de Coelho Neto não se confinaria ao simbolismo, e, numa perspectiva atual, inclinam-nos a considerar a parte que se filiou a essa escola a mais frágil, incapaz de resistir a uma crítica objetiva. Cultivou também o escritor a comédia tradicional brasileira, foi até a farsa, talvez, entre as três dezenas de peças que produziu, as melhores sejam aquelas em que inoculou nas comédias de costumes um sabor mais intelectual, nascido da experiência idealístico-simbolista. Escapou ai da farsa para equilibrar-se numa região fronteira do drama.<br />Pelo Amor! poema dramático em dois atos, a ação na Escócia, em fins do século XII. O conde retorna moribundo ao castelo,, porque o cavalo se despencou num valo. Só a feiticeira Samla poderia salvá-lo. A condessa, descobrindo que o marido era amante da bela solitária, apunhala-se e deixa que ele morra.<br />A história, artificial e dura mas longas falas, só podia inspirar a Artur Azevedo a paródia Amor ao Pêlo .<br />A ação legendária de Saldunes. Não fica atrás, em Lês Mystères Du Peuple, de Eugene Sue – afirma o autor – encontrou a semente do drama.<br />Pode conseguir melhor rendimento cênico, o ato Ironia. No camarim, a atriz recebe homenagens de admiradores, durante um intervalo, enquanto em casa o filho arde em febre. A mãe vem dizer-lhe que o menino a chama, e que morrerá dali a pouco. O empresário não admite que a representação seja interrompida. O êxito de uma carreira depende da acolhida nessa primeira noite, e o público aplaude a peça com gargalhadas. O espetáculo precisa continuar. A atriz agradando daquela forma a platéia, dilacera-se em tragédia pessoal.<br />A Muralha, em três atos, inclui uma dedicatória ao critico Araripe Júnior, autor de um ensaio sobre Ibsen: a peça tem uma nítida presença ibseniana. No texto brasileiro, marido e sogra conspiram para atirar a mulher nos braços de um homem rico que os salvaria da ruína financeira. A mulher, presa ao conceito de honra, apela para o próprio pai. Este, fraco diante das convenções sociais, recomenda-lhe que permaneça ao lado do marido. Desamparada por todos. A mulher, numa atitude de libertação que se aparenta à de Nora, em Casa de Boneca, decide partir.<br />Muito boa a intenção do autor, pena que a dramaticidade se perca no discursivo<br />Neva ao Sol, dramalhão em quatro atos.<br />A Bonança. – O Dinheiro, peça em três atos. – O Intruso – A Cigarra e a Formiga,<br />A Cigarra, a moça que tem vários namorados, não se prende a nenhum seriamente, e por certo esbanjará a mocidade naquela brincadeira fútil. A outra, a formiga, recebe um pedido de casamento. A jovem que se guarda tem o prêmio dado ao pudor e ao recato. A lição não é das mais interessantes.<br />Os raios-X, representado em 1897, parece escrito por um Martins Pena que se atualizou pelas sessões espíritas e pelo jogo do bicho. Os Espíritos são convocados para inspirar o palpite do dia.<br />O Relicário – Fim de Raça – O Diabo no Corpo – A Mulher.<br />Passou em julgado que a melhor peça de Coelho Neto é Quebranto, escrita especialmente para a Companhia do Teatro da Exposição Nacional, dirigida por Artur Azevedo na famosa temporada de peças brasileiras, em 1908.<br />Quebranto parece-nos uma síntese feliz das várias tendências do dramaturgo.<br />A presença do rico seringueiro Furtuna no seio de uma família carioca, disposta a explorá-lo, tem tudo do esquema comum do gênero. No caso, a promoção social do velho amazonense se prende ao casamento com a jovem Dora, por quem ele se apaixona e que aceita sem maiores delongas a proposta.<br />Também de 1908 data o Sainete Nuvem,<br />A comédia Fogo de Vista, estreada em 1923(o elenco incluía,entre outros, Jaime Costa e Dulcina de Morais, dois nomes que marcaram o nosso palco atual. O Patinho Torto(em três atos.) – A Farsa Sapatos de Defunto – O Tango – A Guerra – o Pedido.</div>Edvard Vasconcelloshttp://www.blogger.com/profile/10294605771948666292noreply@blogger.com0